Conectividade veicular e descarbonização: os desafios para o setor automotivo brasileiro

Categoria: Linha VI, Mover

Montadoras e fornecedores podem usar a base de dados para desenvolver serviços e novos processos de produção

A conectividade veicular apresenta grandes desafios para o mercado brasileiro, mas também proporciona grandes ganhos, como eficiência energética e, assim, a descarbonização do setor. As possibilidades de uso de dados e cruzamento de informações em redes permitem, por exemplo, a indicação da melhor rota, menores fluxos e, portanto, um trânsito mais inteligente.

O Programa Prioritário Conectividade Veicular, que integra o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), substituto do Rota 2030, coordenado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), tem como premissa apoiar projetos sobre o desenvolvimento de tecnologias de conexão, armazenamento e transmissão de dados, sistemas, computação, inteligência artificial e redes, dentre outros, buscando o melhor desempenho dos veículos. Dentro do Programa Prioritário, uma das linhas temáticas é a “Conectividade: Meio ambiente e Descarbonização”.

O professor da UFMG e coordenador técnico da Linha VI, Martín Gómez Ravetti, explica que veículos com mais eficiência energética e um trânsito mais inteligente contribuem para a diminuição da emissão de gases estufa, danosos ao meio ambiente. Além disso, é preciso pensar na conectividade veicular dentro de um contexto de cidades inteligentes. “A gente tem uma expectativa de que, em alguns anos, a gente tenha veículos autônomos e a conectividade vai ser fundamental para que esses veículos também consigam transitar, de forma eficiente e otimizada, pelas rodovias”, completa Ravetti.

Gerenciamento de dados

Um dos desafios para o setor automotivo, que está bem consolidado e, ao mesmo tempo, em plena transformação, é como gerenciar e proteger a quantidade massiva de dados que podem ser gerados e trafegados em rede. “Quando discutimos a conectividade veicular, nós estamos falando de montadoras e toda a cadeia produtiva do setor e do surgimento exponencial de novas tecnologias de dados, com as entradas de empresas de computação, startups, empresas de tecnologia. Então, um dos grandes desafios é provocar para que todos esses atores conversem entre si, junto com a academia. A academia é o elo que vai fazer essa conexão para que os projetos considerem todos os aspectos inerentes à conectividade e que todos andem juntos”, completa o coordenador. 

Outro desafio é garantir uma padronização de protocolos de comunicação e a segurança dos dados em relação aos veículos. “O carro passa a ser um ‘celular gigante’ e ele armazena informações pessoais sobre, por exemplo, por onde que eu dirijo, de que forma eu dirijo, e até o que eu compro. Como é possível administrar essa quantidade enorme de dados? Como as tecnologias vão conseguir ‘aprender’ a partir desses inputs, utilizando os dados de toda uma população, e personalizar o que cada um desses clientes vai precisar? São desafios tecnológicos que já existem”, comenta.

Tecnologia e coletividade

Os projetos da linha temática enfrentam, além dos dados e dos usos individuais, a produção de informações coletivas, visando o conceito de cidades inteligentes e gerando uma infinidade de novos negócios em potencial. “No aspecto coletivo, é importante entender como essas informações podem ser disseminadas, como esses aprendizados são gerados de forma segura, mas que permitam que, coletivamente, a gente tenha maior eficiência dentro de uma cidade. Pode existir a possibilidade de novos negócios.

Como o setor automotivo vai se relacionar com outros setores, por exemplo, o de alimentos e o de autopeças? Já existem sistemas como o ‘Sem Parar”. Hoje, existem estacionamentos em shoppings onde você não precisa mais ter o tag, porque, agora, ele faz uma leitura da placa e você paga. São inúmeros novos negócios e novas relações comerciais que podem surgir a partir da conectividade, do poder computacional e da inteligência artificial”, detalha Ravetti.

Mercado brasileiro 

O papel do Brasil no mercado internacional de veículos automotores está em ascensão. O país é uma potência, por exemplo, em fontes renováveis de combustível, como o etanol. Mas, em se tratando de tecnologias de inteligência coletiva e de cidades inteligentes, o caminho ainda é longo. “Parte dos objetivos do programa Mover é propiciar a aproximação de diferentes setores, e isso se dá muito claramente na conectividade veicular porque é preciso ter empresas do setor da computação, startups, setor de dados, com as montadoras, com sistemistas, com toda a cadeia do setor automotivo para motivar novas pesquisas no cenário brasileiro”, diz o pesquisador.

A realidade brasileira se difere da realidade de outros países em muitos aspectos, a começar pela dimensão de seu território. “Não podemos importar soluções que funcionam somente na Europa ou nos Estados Unidos. Então, o programa Mover se faz absolutamente necessário porque promove a conexão entre a academia e os diferentes setores envolvidos na conectividade veicular. No Brasil, temos grupos de pesquisas pensando em mobilidade e desenhando já realidades futuras, não somente para 2030, mas para os próximos 30, 40 anos. O momento agora é de fomentar, apadrinhar os grupos mais resistentes às novas tecnologias para que esses estudos tenham continuidade”, finaliza o coordenador.

SOBRE O PROGRAMA PRIORITÁRIO 

O Programa Prioritário de Conectividade Veicular busca promover a pesquisa, desenvolvimento e a inovação (PD&I) em conectividade veicular, contribuindo para o desenvolvimento Industrial e tecnológico do setor automotivo e sua cadeia de produção, promovendo impacto e abrangência nacional.

A frente de atuação irá estimular a produção de tecnologias em quatro principais áreas temáticas: Conectividade: Meio ambiente e Descarbonização; Conectividade dos veículos com o ambiente externo; Tecnologia da Privacidade e Segurança de Dados; e Serviços, Diagnóstico e Manutenção Preditiva de Veículos. Todas essas temáticas serão trabalhadas em 3 eixos: Projetos de PD&I; Programa de Aprendizado Federado; e Desenvolvimento de Competências.

Liderado pela Fundep, o Programa Prioritário Conectividade Veicular tem coordenação técnica a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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