Pesquisadora destaca impactos do Rota 2030 em sua trajetória profissional e acadêmica

Categoria: Linha V

Premiações comprovam relevância da produção científica de Jenyffer Santos, iniciada com o desenvolvimento de um trator elétrico de pequeno porte, voltado à agricultura familiar 

O Programa Rota 2030 vem gerando impactos positivos não apenas para a indústria automotiva. Os pesquisadores das instituições acadêmicas que participam dos projetos experimentam uma verdadeira imersão nos desafios reais do setor, que tem permitido converter conhecimento científico em inovações tecnológicas específicas, além de ampliar as oportunidades de atuação e crescimento profissional. É o caso de Jenyffer Santos, pesquisadora do doutorado em Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que participa do projeto de pesquisa “Sistema de tração elétrica para tratores agrícolas de pequeno porte“, sob coordenação geral do professor Alfeu Sguarezi, da Universidade Federal do ABC (UFABC); e coordenação associada do professor Daniel Albiero (Unicamp).

Foto: Jenyffer Santos

O trabalho integra a frente de PD&I da Linha V do programa Rota 2030, coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), e seu principal objetivo é construir um protótipo de trator agrícola com propulsão puramente elétrica. Para Jenyffer, o projeto proporcionou uma experiência enriquecedora de aprendizado e atuação prática. “O programa nos instiga e desafia, o que pra mim tem sido muito positivo, pois me faz perceber o meu potencial. Além do conhecimento no campo acadêmico, o contato com as empresas parceiras ampliou minha percepção em relação às demandas de mercado e me colocou diante de muitas possibilidades”, reitera.  

Jenyffer recebeu dois prêmios por trabalhos acadêmicos relacionados ao projeto. O primeiro deles foi concedido em 2022, durante o LI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (Conbea), em que obteve menção honrosa por alcançar o segundo lugar na modalidade Mecanização Agrícola com a apresentação do trabalho intitulado “Análise Estrutural de Chassi para Trator Elétrico Voltado para a Agricultura Familiar”; a segunda premiação veio com o primeiro lugar na modalidade “Apresentação oral – 3 minutos” no VII Workshop de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, realizado em maio deste ano. “São prêmios muito significativos para mim, pois demonstram o reconhecimento do meu trabalho e da minha dedicação. Isso me motiva a continuar avançando e contribuindo para o desenvolvimento dessa área tão importante”, afirma.  

Colaboração entre ICTs 

O projeto de desenvolvimento do trator elétrico de pequeno porte recebeu R$ 1.019.232,35 em aportes da Fundep, tendo como missão elevar o potencial tecnológico e a competitividade da indústria automotiva e proporcionar mais desenvolvimento e benefícios aos agricultores familiares. A pesquisa teve início com a criação do projeto em 3D utilizando diferentes softwares e ferramentas, que permitiram uma análise virtual das estruturas. Posteriormente, foram feitos testes dos componentes elétricos do trator. Atualmente, o projeto encontra-se em fase de construção do protótipo. “Estamos ansiosos para ver o trator elétrico ganhando forma. Assim que concluirmos essa etapa, partiremos para os testes de campo, em que analisaremos a eficiência e o desempenho do equipamento em ação. Cada avanço nos enche de motivação, pois sabemos que esse trabalho irá contribuir significativamente para uma agricultura familiar mais sustentável e próspera”, acrescenta a pesquisadora.  

Foto: Alfeu Sguarezi

De acordo com o Alfeu Sguarezi, a troca de conhecimentos e experiências entres as instituições e empresas parceiras tem feito a diferença em cada etapa das pesquisas. A colaboração entre profissionais de diferentes áreas, como a engenharia elétrica e a engenharia agrícola, favoreceu o desenvolvimento do sistema de acionamento eletrônico do motor de indução trifásico alimentado por baterias e, também, o desenvolvimento dos sistemas mecânico/hidráulico de suporte, transmissão e transferência de potência.

“Assim como a transferência de tecnologia para a indústria, também podemos destacar a formação acadêmica e a publicação de alguns resultados em periódicos internacionais de alto impacto”, diz Sguarezi. “É importante ressaltar a contribuição da Jenyffer e de toda a sua equipe no projeto, considerando sobretudo os desafios científicos e tecnológicos e a sua importância social, econômica, ambiental e científica”, completa.  

Potencial de mercado 

Segundo dados dos Censos Agropecuários 2006 e 2017, a agricultura familiar reúne o maior número de unidades produtivas com cerca de 10 hectares no Brasil, totalizando 2.414.864 propriedades. As atividades a elas vinculadas, sejam agropecuárias, artesanais ou agroindustriais, contribuem com parcela significativa de empregos, seja no campo ou na cidade. Cerca de 25% dessas propriedades possuem capacidade de investimento em um trator elétrico, número suficiente para despertar o interesse no desenvolvimento da tecnologia, que dispensa o uso de fontes de potência convencional (diesel), representando ganhos econômicos e ambientais.  

“Acreditamos que as empresas envolvidas tenham interesse em continuar o desenvolvimento para a comercialização do trator. De forma concreta, o projeto resultou em bons frutos, pois a mesma equipe que trabalha em seu desenvolvimento já tem se dedicado a outra iniciativa, desta vez de um pulverizador eletrificado para ser utilizado no próprio trator”, relata o coordenador do projeto. Sguarezi destaca ainda que, além da possibilidade de oferecer aos agricultores familiares um equipamento mais econômico e eficiente, o desenvolvimento do trator elétrico tem forte impacto na indústria automotiva e em outros projetos da Linha V do Rota 2030, tendo em vista o potencial de transferência das suas inovações e soluções tecnológicas e científicas.  

“Temos um segundo projeto que teve como base o do trator elétrico. Além desse fato, as tecnologias desenvolvidas consolidaram os sistemas de acionamentos eletrônicos, de armazenamento e de estrutura mecânica de veículos agrícolas eletrificados de pequeno porte. Essas informações poderão ser empregadas como ponto de partida em outros projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, reforça o professor da UFABC. 

SOBRE A LINHA V DO ROTA 2030 

A Linha V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão tem como diretriz a eletrificação do powertrain veicular para a alta eficiência energética, a utilização de biocombustíveis para a geração de energia e a adequação do contexto brasileiro de infraestrutura de abastecimento. 

A partir da aliança entre os principais atores que representam o conhecimento do setor (empresas, entidades representativas e Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia automotiva. 

A Fundep é a coordenadora da Linha V. A Coordenação técnica é da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE). 


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