Evento reuniu as coordenadoras do Rota 2030 para apresentar os objetivos estratégicos para a nova fase do programa e premiou projetos com alto potencial de impacto para o setor automotivo.
Para discutir a transição para o 2º Ciclo do Rota 2030, foi realizado o Encontro Nacional das Coordenadoras do Programa Rota 2030 – ENACOOP, nesta quinta-feira (22/04) em São Caetano do Sul, São Paulo. O encontro reuniu 140 pessoas, entre elas representantes do governo, indústrias, entidades representativas do setor e instituições de pesquisa.
A segunda fase do Rota 2030 (2024 – 2029) deve exigir mais inovação e eficiência energética e será mais desafiadora para os fabricantes de veículos, que já vêm investindo mais em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias com foco em modelos mais sustentáveis e competitivos no mercado.
Esta edição foi organizada pelo SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, em parceria com a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva e as demais coordenadoras do Rota 2030: Fundep, FINEP e EMBRAPII.
Inovação e competitividade para as indústrias brasileiras
Margarete Gandini, diretora do Departamento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), foi a presidente de honra do encontro e fez a abertura do evento. Na ocasião, destacou:
“Como podemos fazer mais, melhor e diferente? Neste momento da indústria automobilística global que nós estamos passando por grandes mudanças, não só na forma de construir, como de usar e pensar a propriedade do veículo e mobilidade logística, não nos cabe mais fazer apenas o mesmo… além de fazer com excelência, continuamente precisamos questionar como fazer diferente e como conseguir adicionar valor as nossas ações. Este é o principal aprendizado”.
Uma grande preocupação em relação à política automotiva, conforme explicou Margarete, está em entender qual papel a indústria automotiva brasileira quer assumir. “Se queremos ser desenvolvedores, precisamos atuar de forma holística, buscando soluções junto à indústria para a mobilidade urbana, investindo em pesquisa e conectando a cadeia de fornecedores”.
Painéis discutem o futuro do setor e expetativas com o programa
A programação do evento contou com três painéis para discutir a visão de futuro do programa, a importância da tripla hélice na reindustrialização do setor automotivo e as expectativas para o ciclo II. Os debates contaram com a presença dos Conselhos Gestor, Consultivo e Técnico do programa e de representantes da academia.
As coordenadoras do programa também tiveram espaço para apresentar os objetivos estratégicos para o novo ciclo, com base nos desafios e aprendizados dos cinco primeiros anos de execução do Rota 2030. A Fundep pode comentar sobre o planejamento previsto para a linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, e da Linha V: Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa a Combustão.
Fundep recebe premiação de projetos do Rota 2030
A AEA aproveitou o encontro das coordenadoras do Rota 2030 para realizar a premiação de projetos do programa com alto potencial de impacto para o setor automotivo. Foram 10 categorias reconhecidas pela contribuição dada ao desenvolvimento tecnológico do setor automotivo brasileiro:
- Projeto com maior número de empresas
- ICT/Universidade com maior número de projetos
- Projeto com maior número de bolsistas
- Projeto com maior número de publicações
- Projeto com maior número de ICT’s
- Projeto com maior número de estados participantes
- Empresa com maior número de projetos
- Projeto com maior número de parceiros
- Empresa com maior contrapartida
- Projeto com maior contrapartida.
Dentre as indicações, a Fundep teve 06 projetos das linhas IV e V premiados. Sabia mais a seguir:
Categoria: Projeto com maior número de empresas participantes
Projeto: FERA – Ferramentarias Manufaturadas Aditivamente
O projeto FERA – Ferramentarias Manufaturadas Aditivamente, teve destaque pelo número de parcerias estratégicas com empresas para o desenvolvimento do trabalho, no âmbito da Linha IV do programa Rota 2030 – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas.
Sob a liderança do professor Dr. Ronnie Rodrigo Rego do ITA, o projeto tem como objetivo contribuir para o avanço tecnológico e a capacitação industrial da Manufatura Aditiva (MA), buscando o desenvolvimento de materiais e processos que melhorem o desempenho, reduzam os custos e se integrem à cadeia de fornecimento e negócios.
Categoria: Projeto com maior número de publicações
Projeto: Tecnologia dual-fuel em motores de ignição por compressão
Coordenado pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em parceria com a empresa FTP Industrial, o “Estudo experimental da tecnologia dual-fuel em motores de ignição por compressão utilizando diesel renovável (HVO/Farnesano) com etanol, hidrogênio ou biogás” resultou em oito publicações de artigos científicos.
O coordenador geral, professor Christian Jeremi Coronado, representou a equipe envolvida no evento. O projeto foi desenvolvido no âmbito da Linha V do programa Rota 2030 e apresenta os benefícios alcançados por meio das diferentes reatividades dos combustíveis ou redução de emissões de CO2, substituindo parcialmente um combustível fóssil por um renovável.
Categoria: Projeto com maior número de bolsistas
Projeto: SegurAuto
Em reconhecimento aos 50 bolsistas envolvidos no “Projeto e Desenvolvimento Integrado de Funções de Segurança Assistida ao Condutor e Ambiente para Veículos Autônomos (SegurAuto)”, o trabalho foi premiado no Encontro Nacional das Coordenadoras do Programa Rota 2030.
O coordenador geral João Francisco Justo Filho, da USP, recebeu o prêmio na ocasião. O trabalho está em fase de execução e recebeu um aporte da Fundep de R$ 3.656.868,63 na Chamada Pública de PD&I.
O projeto busca uma sólida formação de recursos humanos na área de engenharia automotiva, além de proporcionar maior aproximação entre academia e indústria. Possui ainda como objetivo desenvolver funções de Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor (ADAS), potencialmente aplicáveis em veículos de passeios e comerciais, e proporcionar desenvolvimento de ambiente para condução autônoma.
Categoria: Projeto com maior número de ICT’s
Projeto: VHF-Urbano
Parcerias com institutos de ciência e tecnologia são fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas e soluções tecnológicas para o setor automotivo. Nesse sentido, o projeto “Desenvolvimento de um veículo urbano leve híbrido-flex (VHF-Urbano)”, com coordenação geral da professora Vilma Alves de Oliveira, da USP, foi destacado pelas oito instituições envolvidas no trabalho.
O objetivo do projeto é construir um VHF-Urbano leve com alta eficiência energética e baixo custo, que atenda às especificações estabelecidas para o sistema de propulsão com topologia série contendo um chassi especialmente projetado, visando garantir a proteção dos ocupantes em caso de impacto frontal.
Categoria: Projeto com maior número de estados participantes
Projeto: Uma nova concepção na produção de moldes para injeção de polímeros
A expansão de oportunidades de atuação do programa Rota 2030 para outros estados e regiões do Brasil deram destaque para o projeto “Uma nova concepção na produção de moldes para injeção de polímeros”, em fase de execução na linha IV: Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, coordenada pela Fundep.
Com coordenação geral da professora Salete Martins Alves, da UFRN, o projeto tem parceiros nas regiões sul, sudeste e nordeste do país. O objetivo do trabalho é a adoção de estratégias de alimentação simultânea de combustíveis líquidos e gasosos renováveis em um veículo conceito, com foco na interação destes biocombustíveis nas diferentes condições de operação de um motor de combustão interna aplicado em veículo conceito.
Categoria: Projeto com maior valor total de investimento
Projeto: Desenvolvimento de motor a biogás de alta eficiência para veículos de transporte de carga
O sexto projeto foi premiado com o valor de total de investimento para a execução do trabalho. Foram R$ 34.629.168,07 de aporte da Fundep para o “Desenvolvimento de motor a biogás de alta eficiência para veículos de transporte de carga”. Para representar o coordenador geral do projeto Guenther Filho, da USP, esteve presente o professor Maurício Trielli.
A expectativa é reduzir emissões em sistemas de propulsão veicular que utilizam motores a combustão, com potência entre 100 e 350 kW, por meio do uso de biocombustível. Para que este objetivo seja atingido, será desenvolvida tecnologia específica para motores a biogás com alto desempenho e baixa taxa de emissões.
Exposição de projetos
Em paralelo as apresentações e discussões no auditório, os participantes também puderam conferir a exposição de projetos de PD&I das linhas coordenadas pela Fundep. Uma oportunidade para conhecer de perto ações que geram mais inovação e competitividade para o setor automotivo.
Sobre o Rota 2030
O Programa Rota 2030 foi criado pelo Governo Federal com o objetivo de elaborar uma política industrial de longo prazo para o setor automotivo e de autopeças, estimulando o investimento e o fortalecimento das empresas brasileiras do setor.
Regulado pela Lei nº 13.755/2018, o Programa define normas para a fabricação e a comercialização de veículos nacionais, tendo em vista os próximos quinze anos de operação da indústria automotiva – divididos em três ciclos quinquenais.
A iniciativa abre um cenário de oportunidades para as empresas do setor investirem no desenvolvimento e na aplicação de novas tecnologias, consolidando um modelo fabril competitivo e inserido na produção global de veículos automotores.