Estão abertas as inscrições para a primeira capacitação do projeto “Do berço ao portão”, executado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces) da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP) por meio da Linha V – Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do programa de Mobilidade Verde (Mover), liderada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep). O curso será online, e gratuito, organizado em quatro dias: 3, 10, 17 e 24 de outubro, de 9h30 às 12h.
A capcitação irá fornecer uma introdução sobre pegada de carbono, abordando os métodos, atividades de cálculo e interpretação dos resultados, combinando teoria e prática por meio de exercícios teóricos e cases empresariais. Os representes das empresas do setor automotivo, participantes do projeto “ Do berço ao portão”, têm a prioridade na inscrição. As demais vagas são preenchidas com profissionais que atuam em atividades de gestão ambiental em áreas como: sustentabilidade, meio ambiente, áreas operacionais (plantas industriais), compras/suprimentos e marketing/comunicação.
Sobre o projeto “Do berço ao portão”
Com o objetivo de medir e reduzir a pegada de carbono dos veículos leves fabricados no Brasil, abrangendo todas as fases do ciclo de vida dos veículos, desde a extração da matéria prima até a fabricação dos veículos nas montadoras, surge o projeto “Do berço ao portão”. A iniciativa é coordenada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces) da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP), em parceria com o Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
O propósito do projeto é quantificar os impactos das mudanças climáticas desde a extração da matéria-prima à fabricação dos veículos, mapear as fontes de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e as principais oportunidades de redução, além de fazer benchmarking internacional, identificando as diferenças em relação à produção de veículos em outros países. “Além disso, pretendemos que o projeto sirva de referência para outros estudos, promovendo estratégias de redução de emissões de GEE no âmbito público e empresarial, ampliando o olhar do setor para sua cadeia de suprimentos a partir de uma perspectiva de inovação e disseminação da importância desse tema”, explica o professor da FGV e coordenador-geral do projeto, Mario Monzoni.
Desenvolvimento do projeto
O projeto “Do Berço ao Portão” é estruturado em seis etapas, com início em junho de 2023 e conclusão prevista para junho de 2025. Ele é estruturado em seis etapas:
- Kick-off
- Caracterização do Setor
- Estudo da Pegada de Carbono
- Ferramenta Setorial de Cálculo
- Formação e Capacitação
- Engajamento e Comunicação
A primeira etapa foi encerrada no 1° Seminário Aberto durante o evento Rota Tech 2030, em outubro de 2023. Nessa etapa, também foi entregue o Plano de Trabalho do projeto e formado o Comitê Consultivo.
Atividades importantes das etapas 2 e 3 também foram finalizadas, como a análise de mercado do setor automobilístico no Brasil, em dezembro de 2023, e a análise do estado da arte dos principais estudos relacionados à Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e pegada de carbono de veículos leves, em abril deste ano.
“Atualmente, está em andamento uma etapa crucial do projeto: a coleta de dados primários junto ao setor automotivo. Simultaneamente, na etapa 4, demos início aos estudos preliminares para a criação de uma ferramenta que facilite o cálculo da pegada de carbono, esperando concluir esta fase também em abril de 2025”, destaca Monzoni.
A etapa 5 deverá ocorrer entre setembro de 2024 e maio de 2025, e prevê duas capacitações sobre o tema “Avaliação de Ciclo de Vida e Pegada de Carbono”. A etapa 6 ocorre ao longo de todo o projeto e está programada para finalizar em junho de 2025, juntamente com o encerramento. Até o momento, já foram realizadas várias atividades, incluindo participações em eventos, divulgações em redes sociais, um webinar para divulgar o projeto e inscrições em congressos e eventos acadêmicos.
Parcerias e contribuições ao setor
O projeto conta com o apoio de importantes empresas do setor automobilístico, como Gerdau, Metalpó, Renault, Stellantis, Toyota, Tupy S.A. e Volkswagen. Além disso, 13 associações do setor automotivo, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), estão colaborando para garantir a representatividade e o sucesso da iniciativa.
A Stellantis possui o plano estratégico Dare Forward 2030, que visa a descarbonização de processos e produtos da empresa até 2038, com uma redução de emissões de 50% já em 2030, com base em um inventário feito pela empresa em 2021.
“Assumir um papel de liderança na descarbonização é nossa contribuição para um futuro sustentável. Para alcançar essas metas, precisamos do engajamento de toda a nossa cadeia de suprimentos, implementando ações em todas as frentes, como: mitigação do impacto das atividades industriais da empresa, oferta de produtos para mobilidade sustentável e acessível, e compra de insumos com menor pegada de carbono. Nesse contexto, a compreensão da pegada de carbono na produção de autopeças é essencial para a busca de soluções mais sustentáveis que serão incorporadas nos nossos produtos”, explica o vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis, João Irineu Medeiros.
“No cenário global atual, onde a regulamentação ambiental está se tornando cada vez mais rigorosa e os mercados internacionais estão taxando produtos com base na pegada de carbono, é muito importante que o Brasil possua suas informações comparáveis sob uma mesma metodologia de cálculo de forma a identificar oportunidades. Estes dados assumem um papel estratégico para definir ações de atração de investimentos e indústrias que buscam reduzir a pegada de carbono dos produtos para acessar mercados internacionais”, complementa Medeiros.
A Fundep, responsável pela gestão e monitoramento do projeto, desempenha um papel fundamental ao viabilizar recursos e promover o engajamento dos stakeholders. “A Fundep é essencial, não só por viabilizar todos os recursos necessários para a implementação do projeto, mas também por garantir uma gestão e execução eficiente das etapas do projeto, fomentando o engajamento de diferentes stakeholders do setor e atuando como um elo entre as demandas da cadeia automotiva e o desenvolvimento de soluções tecnológicas”, afirma Monzoni.
Expectativas
O projeto “Do berço ao portão” visa não apenas reduzir as emissões de GEE, mas também promover a inovação e o ecodesign no setor automotivo brasileiro. Através da conscientização e da capacitação, o projeto pretende ajudar as empresas a adotar práticas mais sustentáveis e competitivas.
Podem participar do projeto empresas que estão diretamente envolvidas no setor automotivo e que possuem objetivos sociais ou atividades econômicas relacionadas a este setor. Isso inclui fabricantes de veículos, fornecedores de peças e sistemas e empresas envolvidas na produção de materiais relevantes para a indústria automotiva (aço, plástico, alumínio, borracha, entre outros). Para participar, as empresas podem acessar a página do projeto no site da Fundep e preencher o formulário de interesse disponível em https://mover.fundep.ufmg.br/berco-ao-portao/ para iniciar o processo de adesão.
“Com a implementação deste projeto, o Brasil pode se posicionar como um líder na redução da pegada de carbono na indústria automotiva, aproveitando sua matriz energética predominantemente renovável e avançando rumo a um futuro mais sustentável”, avalia Monzoni.
SOBRE A LINHA V DO MOVER
A Linha V – Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do programa Mover, desenvolve soluções em mobilidade com foco na eletrificação do powertrain veicular para a alta eficiência energética, utilização de biocombustíveis para a geração de energia e a inovação de sistemas de segurança (ativa e passiva) para a preservação da integridade dos passageiros. A iniciativa está alinhada ao processo de reestruturação e modernização do setor automotivo em um contexto de transformações tecnológicas, ambientais e sociais. O objetivo é estimular a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias automotivas nacionais para aumentar a competitividade por meio de iniciativas colaborativas.
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