Rota Tech eleva debate sobre os novos desafios do setor automotivo

Categoria: Eventos, Rota 2030

Evento realizado pela Fundep reuniu representantes da cadeia automotiva para apresentar resultados e inciativas  do programa Rota 2030.

A indústria automotiva nacional está diante de um dos momentos mais desafiadores de sua história. Demandas mundiais como a descarbonização e a transição energética intensificaram a necessidade de investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento de novas tecnologias. Mas, o setor vem se mostrando empenhado em promover mudanças e em se manter competitivo. Esse cenário balizou os principais debates da segunda edição do Rota Tech – Amostra Tecnológica do Rota 2030, realizado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), nos dias 25 e 26 de outubro, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo – SP.  

 O objetivo foi apresentar os resultados das iniciativas desenvolvidas no âmbito das três linhas do Rota 2030, coordenadas pela Fundação: a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas; a Linha V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão; e a Linha VI – Conectividade Veicular. 

 A segunda edição da amostra alcançou sucesso de público, reunindo 527 representantes da indústria, de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), de startups, de entidades setoriais e do governo para compartilhar experiências, mapear caminhos e oportunidades e direcionar ações para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e a competitividade da indústria automotiva nacional. A programação abrangeu 22 palestras e painéis dispostos em três trilhas de conhecimento. Na área dos estantes, o público pôde conferir os resultados dos 21 projetos das Linhas IV, V e VI e conversar com as equipes dos ICTs e das empresas parceiras. 

Horizonte de muitas oportunidades e desafios 

A abertura oficial foi prestigiada pelo presidente da Fundep, professor Jaime Arturo Ramírez, e pela diretora da Unidade Técnica de Materiais Avançados do IPT, Sandra Lúcia de Moraes, que deram as boas-vindas aos participantes. Ramírez destacou o empenho das empresas e dos ICTs envolvidos nos projetos do programa Rota 2030, prestes a encerrar seu primeiro ciclo:. “Passamos por momentos desafiadores importantes e tivemos resultados promissores. Acredito que o segundo ciclo terá questões ainda maiores e, para continuarmos evoluindo, precisamos olhar para os problemas de forma tridimensional, tendo em vista a complexidade da cadeia.,  

O primeiro painel da programação seguiu o ritmo da fala do presidente da Fundep com o tema “Perspectivas para o 2º Ciclo do Rota 2030”, que contou com a mediação da gerente de Programas da Fundep, Ana Eliza Cruz Braga, e com as participações do vice-presidente Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), João Irineu Medeiros, do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Cláudio Sahad, do presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Marcus Vinícius Aguiar, e do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer), Christian Dihlmann.  

“Graças ao programa, estamos mais preparados em termos de estrutura e know how. Esse ecossistema criado é fundamental para darmos os próximos passos, com equilíbrio socioeconômico e ambiental”, analisa Irineu. Dihlmann ressaltou que a Abinfer tem participado do programa desde o início, com resultados exponenciais alcançados. “As ferramentarias têm grande importância para a cadeia automotiva. No entanto, vivemos hoje desafios que precisamos solucionar com urgência, como o apagão de mão-de-obra”, afirma. 

 Na visão de Aguiar, o governo precisa estabelecer um programa de estado a longo prazo, a fim de promover a mobilização de recursos de forma mais planejada e estratégica. “Precisamos reduzir o tempo de desenvolvimento e implementação de tecnologias nos veículos, a fim de tornarmos nossa indústria mais competitiva”, diz. Sahad destacou a vantagem competitiva nacional na área de biocombustíveis e chamou a atenção para o impacto da carga tributária no desenvolvimento do setor. “Nossos veículos flex estão completando vinte anos de mercado e, nesse tempo, produzimos mais de 40 milhões de unidades desse tipo. Hoje, 80% a 85% de nossa frota é de veículos bicombustíveis. Isso é um diferencial no mercado mundial”, alerta.   

Trilhas de debates e apresentações 

A apresentação da plataforma Conecta Mais foi um dos pontos altos da Trilha Linha IV. De acordo com o consultor da Fundep, Vitor Assun, a primeira fase do Conecta Mais superou a meta de empresas cadastradas e de contratos assinados. “Em breve, os inscritos terão acesso a todas as jornadas por meio do aplicativo, que, além de facilitar as conexões entre as empresas participantes, vai agilizar processos como o envio de documentações”, garante.  

O painel “Cases do Conecta Mais – soluções de sucesso para o desenvolvimento das ferramentarias”, apresentado no Espaço Tech, demonstrou, com as participações de representantes das ferramentarias Stampway e G. Bechelli, a satisfação com os resultados da aplicação da metodologia. “O grande trabalho agora é consolidar e desenvolver uma sistemática para que esse método seja incorporado de forma integrada dentro das empresas. É preciso trazer um fator evolutivo e trabalhar para uma mudança de mentalidade dentro das indústrias”, argumenta Anderson Bobbo, diretor da Stampway.   

A Trilha da Linha IV também contou com outros debates relevantes para as ferramentarias, como o painel “Cluster tecnológicos e o setor ferramental”, que dentre outros convidados, esteve o prefeito de Joinville – SC, Adriano Silva, que falou sobre as conquistas e desafios do território, que é hoje o município brasileiro com o maior adensamento de ferramentarias.  

O Espaço Tech foi palco de diversas apresentações da Linha IV, entre elas a palestra de Carlos Sakuramoto, Gerente de Tecnologia e Inovação da Engenharia de Manufatura, da General Motors, e Emília Vilani, pesquisadora, do ITA, “Desafios de Ferramentarias de Estampagem: a contribuição dos projetos ‘Demonstradores’ para uma avaliação do setor”. Foram apresentados ainda os painéis “Rota in Curso: panorama e novos passos do programa de capacitação de profissionais de ferramentarias” e Desenvolvimento de uma cultura de inovação e colaboração no setor Ferramental”. 

A trilha da Linha V destacou, no Auditório Rota, a importância da atuação das mulheres no painel “Mulheres no desenvolvimento tecnológico: cenário e desafios no setor automotivo”, que contou com as participações da diretora do Smart Campus FACENS, Regiane Relva, das pesquisadoras Mona Lisa Moura, da UECE, e Emília Villani, do ITA, e da gerente de P&D da HION Tecnologia, Cynthia Thamires. Elas falaram sobre os desafios da carreira e suas contribuições para o setor automotivo. Já no Espaço Tech, a Linha V abordou o tema “Economia circular na indústria automotiva” e “Projetos de desenvolvimento de centros estratégicos de competência”. 

Descarbonização 

Um dos temas mais atuais no setor automotivo, a descarbonização foi foco dos painéis da Linha V, coordenada pela Fundação, “O Impacto de políticas de descarbonização para o setor automotivo: desafios regulatórios e ambiente” e “Do Berço ao portão: pegada de carbono de veículos leves fabricados no Brasil”, que contou com as participações de Gustavo Bicalho, da Stellantis, de Juliana Picoli, da FGV, de Guarany Osório, da FGV, de Joaquim Seabra, da Unicamp e de Mário Monzoni, da FGV.  

Para Osório, um dos pilares para o estabelecimento do processo de descarbonização é uma governança bem definida. Segundo ele, a FGV lançou um comitê consultivo para trabalhar o tema, com o objetivo de levantar hipóteses, testar e coletar dados junto ao setor para obter informações fidedignas da realidade brasileira. “É um grande projeto, que tem uma meta de entregar 18 produtos para o mercado e tudo isso será cumprido em 24 meses. Neste trabalho, serão avaliados 8 veículos”, informou. Igualmente relevante, foi a discussão em torno da importância das relações entre atores da cadeia para a evolução dos projetos, a exemplo dos painéis “O papel das organizações híbridas no desenvolvimento de projetos colaborativos de inovação” e “A relação indústria e Universidade como ferramenta de desenvolvimento tecnológico”.  

Os desafios de conectividade e a aplicação de recursos de inteligência artificial com segurança guiaram as discussões da trilha da Linha VI, nos painéis “Os desafios da Conectividade veicular para o setor agrícola” e “Aprendizado Federado: aplicações a partir da conectividade veicular”. A “Cibersegurança e privacidade na era dos carros conectados: Um olhar sobre cidades inteligentes”, tema da palestra ministrada pelo gerente técnico de PD&I em Internet das Coisas e Sistemas Embarcados do IPT, Leandro Avanço, trouxe algumas perspectivas também sobre a indústria de base tecnológica. “Algumas ideias para o futuro do desenvolvimento, pensando em conexão e sustentabilidade, será o desenvolvimento de componentes com materiais recicláveis, frutos da economia circular. Mas, quando pensamos em um conceito como esse, temos que levar em consideração que ele deve abranger toda uma cadeia de valor, e não apenas um produto ou matéria-prima”, expôs. 

Vitrine de projetos 

Considerado a vitrine de projetos e inciativas do programa Rota 2030, o Rota Tech é um momento de mostrar os resultados do trabalho realizado pelas equipes desenvolvedoras e empresas parceiras, o que gera visibilidade e abrangência às ações. Nesta segunda edição, a amostra apresentou nove projetos e iniciativas na Linha IV, onze da Linha V e dois da Linha VI. A Linha VI, por exemplo, destacou na amostra as iniciativas do desenvolvidas na frente de conectividade veicular, dentre elas o projeto “Conecta 20230: Ecossistema conectado e cooperativo para detecção de pedestres em travessias”, coordenado pelo Centro Universitário Facens. O coordenador do projeto, professor da Facens Roberto Netto, afirma que as expectativas para os resultados do projeto são grandes diante das parcerias firmadas com renomadas instituições, além das empresas Stellantis e TIM. “O Rota Tech é um momento muito oportuno de trocas de conhecimentos e de entendermos quais são os desafios e as expectativas da indústria, a fim de que possamos direcionar todos os esforços a fim de atendermos às demandas do mercado e da sociedade”. 

Realização

O Rota Tech é realizado pela Fundep, com apoio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Centro Universitário FEI, Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) e Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer). 

Galeria de fotos

Compartilhe: