A Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, programa prioritário do Mover (Mobilidade Verde e Inovação), encerra o 1º Ciclo de execução (2019-2024) com 26 projetos de PD&I em execução, que envolvem a colaboração entre 42 Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e 175 empresas da cadeia automotiva. Liderada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), com coordenação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a frente de atuação busca ampliar a durabilidade, a reparabilidade e a produtividade na produção de ferramental, com foco no desenvolvimento e no aprimoramento de materiais e processos inovadores.
O aporte total nos projetos é de R$ 127,4 milhões, com contrapartidas das empresas que somam R$ 51,9 milhões. Esse investimento é revertido em inovações que melhoram o desempenho dos processos produtivos e materiais, trazendo benefícios como maior durabilidade dos produtos, redução de custos e uma maior sustentabilidade nas operações.
A Linha IV está alinhada ao compromisso de neoindustrialização do programa Mover, concentrando-se em otimizar prazos, custos e qualidade ao longo do ciclo de vida dos ferramentais. O objetivo é preparar as ferramentarias brasileiras para atender à demanda nacional de fabricação de veículos e conquistar um papel de destaque no mercado global.
As iniciativas colaborativas de PD&I promovem a sinergia entre o setor acadêmico e o empresarial é um dos maiores diferenciais do programa, unindo a expertise científica das universidades à capacidade de implementação das empresas. ”Os resultados são tecnologias que não apenas melhoram a qualidade dos produtos e a estabilidade dimensional, como também reduzem retrabalho e a necessidade de manutenção, impactando diretamente a eficiência operacional”, explica a gerente de programas da Fundep, Ana Eliza Braga.
Ainda de acordo com Ana Eliza, a parceria entre universidades e empresas é essencial para o sucesso desses projetos e um dos legados dos 1º Ciclo. As ICTs trazem uma base sólida de conhecimento e pesquisa avançada, enquanto as empresas oferecem o contexto prático e o direcionamento para as reais necessidades da indústria. “Esse modelo colaborativo acelera a transferência de conhecimento e tecnologia, assegurando que as inovações desenvolvidas nos laboratórios sejam aplicadas diretamente no chão de fábrica, gerando resultados tangíveis e mensuráveis”, destaca.
A combinação de esforços entre as instituições acadêmicas e as empresas resulta não apenas em avanços tecnológicos, mas também no fortalecimento do ecossistema de inovação, posicionando o setor automotivo brasileiro como um polo de competitividade. Os projetos da Linha IV, com sua visão de futuro e compromisso com a inovação, são um exemplo claro de como o investimento em PD&I pode transformar uma indústria e promover o desenvolvimento econômico e tecnológico.
NÚMEROS GERAIS DA FRENTE DE PD&I
Projetos: 26
Aportes Fundep: R$ 127,4 milhões
Contrapartidas: R$ 51,9 milhões
Empresas envolvidas: 175
ICTs envolvidas: 42
General Motors do Brasil Ltda.
– 18 projetos
FCA FIAT CHRYLER Automóveis Brasil Ltda.
– 9 projetos
Renault do Brasil S.A.
– 9 projetos
Ford Motor Company Brasil Ltda.
– 9 projetos
Toyota do Brasil
– 7 projetos
Iochpe Maxion S.A.
– 6 projetos
6Pro Virtual and Practical Process Ltda.
– 6 projetos
Volkswagen do Brasil Industria de Veículos Automotores Ltda.
– 6 projetos
Oerlikon Balzers Revestimentos Metálicos Ltda.
– 6 projetos
Injetaq Industria e Comércio Ltda.
– 5 projetos
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA
– 10 projetos
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
– 10 projetos
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
– 8 projetos
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Regional de Minas Gerais – Centro de Inovação e Tecnologia SENAI – CIT
– 7 projetos
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Regional de Santa Catarina – Instituto Senai de Inovação em Sistemas de Manufatura e Processamento a Laser
– 6 projetos
Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG
– 5 projetos
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.
– 4 projetos
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – FATEC São José dos Campos
– 4 projetos
Fundação Getúlio Vargas – FGV
– 3 projetos
CASE – PROJETO FERA: FERRAMENTAS MANUFATURADAS ADITIVAMENTE
Com grande adesão do setor automotivo, o projeto “Ferramentas Manufaturadas Aditivamente – FERA”, coordenado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foi destaque no 1º Ciclo do programa Mover. Um dos legados foi a quebra de paradigmas ao despertar, entre os participantes, a percepção de que as técnicas de manufatura aditiva são acessíveis à realidade brasileira, tanto em competência exigida quanto em retorno de investimento.
Os principais resultados alcançados pelo FERA foram a elaboração de método de semiautomatização do reparo de ferramentas; a otimização topológica com redução de 30% na massa de ferramenta; e ganho de 8% a 20% no tempo de injeção a partir de moldes complexos viabilizados por manufatura aditiva.
O coordenador-geral do projeto, Ronnie Rego, professor doutor em Engenharia Aeronáutica e Mecânica pelo ITA, explica como ocorreu a atuação do grande grupo de participantes em busca da resolução de desafios. “A integração foi no domínio técnico e comercial. Tecnicamente, foi necessário o estabelecimento conjunto dos diferentes requisitos das empresas parceiras para definição dos demonstradores. Diferentes modos de falha, geometrias, materiais, cadeias de produção foram consolidados com a ponderação coletiva dos parceiros. Comercialmente, destacamos o desdobramento de negócios entre as parceiras, a partir da integração e aproximação entre elas como membros do projeto”, diz.
Com os bons resultados na primeira fase, o projeto terá a oportunidade de dar continuidade aos trabalhos iniciados em 2020. Nesta próxuma etapa, a iniciativa, liderada pelo ITA, contará com a parceria de 29 empresas e outras quatro Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), e reúne um grupo de aproximadamente 80 profissionais para explorar e implementar a manufatura aditiva (MA).
Na nova fase, o projeto pretende desenvolver a cadeia de produção e qualificação de componentes feitos por MA testados em ambiente relevante (TRL6) em três anos. O FERA II visa promover a tecnologia inovadora da MA, fundamental na Indústria 4.0 e trabalhada globalmente para aumentar a competitividade industrial. A meta é obter matéria-prima nacional, escalando a técnica para aplicações críticas e de alto volume e aumentando a flexibilidade, a agilidade e a confiabilidade do processo, essencial para a viabilidade econômica da tecnologia.
O trabalho se concentra no desenvolvimento de pós-metálicos específicos, adequados às demandas e recursos minerais do Brasil, reduzindo a necessidade de importação dos insumos e implementando práticas sustentáveis, como a reciclagem de pós-metálicos, alinhadas à economia circular e às tendências ESG.
Confira alguns depoimentos:
Por trás de seu objetivo técnico, o projeto tinha a missão de promover uma quebra de barreira mental sobre a viabilidade de uso da tecnologia de manufatura aditiva metálica na indústria brasileira. Com essa missão cumprida, é imprescindível que se envide esforços para que agora essa tecnologia se torne uma realidade a ser implementada.
Participar de um projeto da dimensão do FERA, com foco em um tema tão desafiador dentro da inovação tecnológica 4.0, como é a Manufatura Aditiva (MA) de ligas metálicas, foi de extrema importância para a Mercedes-Benz. Os benefícios são indiscutíveis, com grandes impactos na cadeia automotiva. A segunda fase reforça a escalabilidade da fabricação essencial para a viabilidade financeira industrial. Ou seja, para ser viável financeiramente a nível industrial ao longo da cadeia produtiva, a fabricação e produção de itens metálicos para veículos via MA tem que ser voltada para a produção seriada. Para tanto, precisamos aumentar a velocidade e a precisão de impressão, utilizando outras tecnologias.
A exposição de novo modelo de negócio que o projeto FERA apresenta às ferramentarias nacionais inova, otimiza o tempo de construção, viabiliza o reparo semiautomatizado em peças existentes e fortalece a necessidade de reavaliar conceitos de desenvolvimentos mais eficientes e avançados.
Sobre a Linha de Ferramentaria do Mover
Sob a liderança da Fundep, com coordenação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, do programa Mover, tem como propósito superar os desafios enfrentados por ferramentarias com baixa produtividade e defasagem tecnológica. O foco é capacitar a cadeia de ferramentais de produtos automotivos, visando alcançar competitividade em nível global.
Alinhada ao compromisso de neoindustrialização, centrada na inovação, a frente de atuação concentra suas iniciativas na otimização de prazo, custo e qualidade ao longo das diferentes fases do ciclo de vida de produção de ferramentais. Dessa forma, busca-se capacitar as ferramentarias brasileiras não apenas para atender à demanda nacional na fabricação de veículos, mas também para conquistar uma posição destacada no mercado global.
O Programa Prioritário propõe o desenvolvimento de um ecossistema que promova eficiência coletiva por meio de colaboração entre os diversos atores da cadeia, incluindo ferramentarias, montadoras, sistemistas, universidades e centros tecnológicos, entre outros. Essa abordagem coletiva resulta na diferenciação de produtos, fortalecendo laços cooperativos e proporcionando acesso à difusão de inovações tecnológicas e organizacionais, insumos, soluções específicas, mão-de-obra especializada, e outras iniciativas que buscam manter um equilíbrio saudável entre competição e cooperação.
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