Implantação de software de monitoramento e programação automatizada de máquinas tem resultado em melhor aproveitamento interno
Manter-se competitiva frente à concorrência global é o principal objetivo da Luckfar Matrizes. Para isso, a empresa tem investido em estratégias e iniciativas com foco em inovação e aperfeiçoamento dos processos.
Fundada no ano 2000, em Caxias do Sul (RS) – segundo polo metalmecânico do país e um dos maiores da América Latina, a fabricante de moldes de injeção de alta precisão foi uma das empresas selecionadas para participar do segundo ciclo da primeira edição do Rota Challenge, iniciativa da Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas do programa Rota 2030, coordenada pela Fundep, que tem como propósito promover uma cultura inovadora no setor ferramental, a partir da conexão entre ferramentarias e startups de todo o país.
A metodologia que está resultando em ganhos de produtividade na Luckfar foi implantada em parceria com a startup I-Sensi e já está possibilitando solucionar alguns dos principais desafios tecnológicos que impactavam seus resultados. Segundo seu fundador, o engenheiro Ereneo Luchtenberg, a experiência teve início com um levantamento dos processos produtivos e uma avaliação do grau de maturidade da empresa, primeiros passos para um amplo processo de transformação que tem resultado em melhor aproveitamento dos procedimentos realizados internamente.
Para Luchtenberg, investir em qualificação e em novas tecnologias e inovar são o caminho para que as empresas se adaptem às novas demandas do mercado, sem perder a qualidade das entregas. Com base nessa convicção, antes mesmo de iniciar seu percurso no Rota Challenge, a empresa já havia iniciado a digitalização de alguns processos, mas, ainda assim, os resultados alcançados não foram considerados satisfatórios. “Nosso maior desafio, assim como o de várias ferramentarias, tem sido reduzir o tempo de fabricação. Já atingimos um nível de qualidade muito bom, mas ainda nos falta encurtar o prazo de entrega”, explica o diretor da Luckfar.
Ganho de produtividade
A solução do problema foi encontrada por meio da implantação de um software de monitoramento e automatização da programação das máquinas, que antes era feita manualmente. Além de contribuir para a aceleração dos processos adotados internamente, o programa oferece uma visão integrada do desempenho das máquinas e dos riscos de falhas, o que tem permitido reduzir, consistentemente, a ocorrência de paradas. Apesar do software ter sido instalado recentemente, já registramos um aumento de 20% a 25% de produtividade, pois reduzimos o tempo de programação de 20 para apenas duas horas”, afirma Luchtenberg.
Com a parametrização dos sistemas, a intenção é que o software funcione de forma integrada aos demais, possibilitando uma gestão otimizada, que ofereça ainda mais segurança à elaboração de orçamentos e ao cálculo de prazos de entrega. Outra meta da empresa, de acordo com o diretor, é investir em qualificação dos colaboradores. “Temos registrado melhor aproveitamento em várias frentes e isso nos motiva a investir cada vez mais em recursos tecnológicos. Mas, para nos adaptarmos a tanta tecnologia em tão curto espaço de tempo, será preciso investir em qualificação dos nossos colaboradores, para que eles se tornem programadores e passem a ter maior capacidade de entrega”, enfatiza.
Trabalho colaborativo
De acordo com Luchtenberg, o conhecimento técnico da equipe do Rota 2030 foi fundamental na realização de um mapeamento rápido e preciso da fábrica.
“Pensávamos que estávamos usando 40% da nossa estrutura, mas o diagnóstico mostrou que o índice não chegava a 20%”, diz – a meta, ainda segundo ele, é dobrar a eficiência.
A expertise do grupo responsável pelo assessoramento, por sua vez, possibilitou a indicação da solução mais adequada à realidade da Luckfar. “Não produzimos em série – cada cliente que atendemos e cada matriz que fabricamos têm as suas especificidades, e os profissionais que atuaram conosco no Rota Challenge demonstraram conhecê-las, o que nos deu mais segurança quanto à solução proposta.”
Ele acrescenta que a colaboração das ferramentarias no apontamento das principais dificuldades enfrentadas pelo segmento tem sido um dos fatores-chave para os resultados alcançados por meio da iniciativa. “Os bons resultados obtidos se devem ao vasto conhecimento dos desenvolvedores dos softwares, mas também à participação das ferramentarias, o que mostra que estamos mobilizados e, sobretudo, unidos em torno do objetivo de aprimorar nossos procedimentos”, conclui.
Rota Challenge
A transformação digital é caminho obrigatório para uma indústria automotiva mais competitiva, e o Rota Challenge atua como agente dessa transformação, contribuindo para a construção de uma cultura cada vez mais inovadora no setor ferramental. O objetivo é facilitar a conexão entre indústria de ferramental e startups de todo Brasil, promovendo a inovação e a solução de desafios tecnológicos por meio do intercâmbio empreendedor na cadeia automotiva, no âmbito das metas estabelecidas no Programa e Projeto Prioritário Rota 2030 – Linha IV.
SOBRE A LINHA IV DO ROTA 2030
O setor ferramenteiro é um dos grandes destaques do programa Rota 2030. Coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), com coordenação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas tem o objetivo é solucionar as dificuldades de ferramentarias com baixa produtividade e defasagem tecnológica, capacitando a cadeia de ferramental de produtos automotivos para atingir competitividade em nível mundial.
A partir da aliança entre os principais atores que representam o conhecimento do setor (ferramentarias, montadoras, Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs, startups e entidades representativas), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia ferramental brasileira.
A proposta é oferecer soluções capazes de integrar a cadeia tecnológica de ferramental, por meio do aumento da produtividade e da competitividade. A Linha IV vem atuando em diversos eixos para alcançar os resultados esperados e promover a transformação necessária, tendo como indicadores a elevação do nível de qualidade e de confiabilidade dos produtos e o aumento do grau de prontidão e de maturidade tecnológica e organizacional, caracterizados pela percepção dos requisitos e restrições impostos pelo avanço da indústria 4.0.
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