Diminuir a dependência de insumos produzidos no exterior e ampliar a competitividade de ferramentarias brasileiras. Estes são os principais objetivos do projeto “Núcleo de Competências em Engenharia de Superfícies para Ferramentarias do Setor Automotivo”, desenvolvido por meio da Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), com coordenação da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep). A iniciativa, executada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), irá desenvolver uma unidade de tratamento de superfície por nitretação a plasma voltada para ferramentas de estampagem de grande porte utilizadas pela indústria automotiva. O aporte total será de R$ 17 milhões, durante 36 meses.
Estão abertas as inscrições, até 30 de novembro (conforme nota de retificação da chamada) , para adesão de empresas ao projeto. Podem participar empresas da indústria automotiva (suas atividades econômicas enquadradas em CNAEs específicos), por meio da apresentação da Carta de Anuência e Plano de Contrapartidas com apoio técnico e/ou econômico. Todas as regras estão especificadas em Chamada Pública.
A coordenadora técnica da Linha IV, Ana Paola Villalva Braga, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), explica que a iniciativa atende uma demanda setorial da indústria automotiva e contribui com a nacionalização e a difusão da tecnologia de nitretação a plasma para ferramentais. “O projeto irá implementar no setor brasileiros os conhecimentos, competências e boas práticas da tecnologia, já existente no mercado internacional, e que ainda não podem ser processadas no país”.
Entre os principais benefícios para o setor, Ana Paola destaca que a tecnologia nacional irá atender à exigência internacional de tratamento de nitretação a plasma em ferramentais de estampagem, trazendo um novo posicionamento no mercado global. “Também irá gerar maior autonomia de montadoras de automóveis, com atendimento à exigência local crescente para esse tratamento, além de menor tempo e custo na produção dos ferramentais. Com a tecnologia, o setor ferramental brasileiro estará capacitado a oferecer um melhor atendimento às demandas por ferramentas com elevada qualidade de acabamento superficial e geometrias complexas, como por exemplo os moldes para estampagem de superfície classe A”, destaca.
Pioneirismo e impacto setorial
De acordo com o coordenador-geral do projeto, professor Cristiano Binder, do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, o objetivo é projetar e construir uma máquina que possa realizar a nitretação a plasma de ferramentas com capacidade de até 20 toneladas. Durante os dois primeiros anos, além de construir a máquina, a universidade deverá validar seu funcionamento com a apoio de empresas do setor. O público-alvo do projeto são as ferramentarias, com impacto setorial de capacitar as empresas para atender a demanda interna.
Binder destaca que no Brasil não há ferramentaria que faça esse tratamento a plasma, especialmente para peças grandes. “A ausência dessa tecnologia nacional faz com que as montadoras brasileiras justifiquem a busca por ferramentas no exterior, alegando a economicidade de ter ferramentas mais duráveis. A chave para tornar as empresas mais competitivas está no processo de nitretação a plasma – uma fina camada dura que reveste as ferramentas e evita seu desgaste precoce. O processo de nitretação a plasma é um tratamento termoquímico, que consiste em uma descarga elétrica em um gás contendo nitrogênio a baixa pressão, bombardeando de íons e de espécies neutras a superfície metálica que deseja proteger. O resultado é maior dureza e resistência ao desgaste e corrosão”, explica.
Outro produto, que será desenvolvido ao longo dos três anos do projeto, é um plano de negócios focado no desenvolvimento da tecnologia de nitretação a plasma no setor. “Ao final do projeto, teremos vários caminhos possíveis ao setor. Um plano de negócios detalhado irá auxiliar as empresas nacionais na construção dessas máquinas, na prestação de serviços a terceiros ou, ainda, no atendimento de demanda interna da própria linha de produção”, ressalta o coordenador do projeto.
Vantagens para empresas que participem
De acordo com a gerente de Programas da Fundep, Ana Eliza Braga, a chamada pública permite que empresas de todo o Brasil tenha oportunidade de participar do projeto. “O edital abrange modalidades de participação de empresas da cadeia ferramental e automotiva, seja contribuindo com profissionais para o projeto, ou ainda acompanhando à distância cada etapa de desenvolvimento. O importante é que o projeto tenha um alcance setorial, com o maior número de parceiros envolvidos, para alcançar o impacto positivo que o setor necessita”, destaca.
Ao participar, a empresa terá acesso com prioridade aos resultados obtidos no projeto e direito de expor marca em eventos técnicos-científicos promovidos pelo Núcleo de Competência em Engenharia de Superfícies da UFSC e em publicações promocionais. Outro benefício é receber créditos para inscrições em cursos oferecidos pela plataforma Rota in Curso.
Encomenda tecnológica
O Laboratório de Materiais (LabMat), da UFSC, foi contratado para o projeto por meio de encomenda tecnológica, que buscou por uma Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) com reconhecida expertise na tecnologia necessária. A unidade possui 50 anos de atuação com consolidadas linhas de pesquisas voltadas ao uso de plasma. Com uma composição multidisciplinar de profissionais, o laboratório possui um número significativo de artigos científicos e patentes nacionais e internacionais.
A contratação faz parte do eixo de “Projetos de Ferramental e Processos de Fabricação”, da Linha IV do programa Mover, que desenvolve inciativas de PD&I, propondo melhorias nas diversas fases do ciclo de vida de produção de ferramentais em busca do aumento da durabilidade, reparabilidade, produtividade e aplicações em materiais e processos inovadores.
Sobre a Linha de Ferramentaria do Mover
Sob a liderança da Fundep, com coordenação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, do programa Mover, tem como propósito superar os desafios enfrentados por ferramentarias com baixa produtividade e defasagem tecnológica. O foco é capacitar a cadeia de ferramentais de produtos automotivos, visando alcançar competitividade em nível global.
Alinhada ao compromisso de neoindustrialização, centrada na inovação, a frente de atuação concentra suas iniciativas na otimização de prazo, custo e qualidade ao longo das diferentes fases do ciclo de vida de produção de ferramentais. Dessa forma, busca-se capacitar as ferramentarias brasileiras não apenas para atender à demanda nacional na fabricação de veículos, mas também para conquistar uma posição destacada no mercado global.
O Programa Prioritário propõe o desenvolvimento de um ecossistema que promova eficiência coletiva por meio de colaboração entre os diversos atores da cadeia, incluindo ferramentarias, montadoras, sistemistas, universidades e centros tecnológicos, entre outros. Essa abordagem coletiva resulta na diferenciação de produtos, fortalecendo laços cooperativos e proporcionando acesso à difusão de inovações tecnológicas e organizacionais, insumos, soluções específicas, mão-de-obra especializada, e outras iniciativas que buscam manter um equilíbrio saudável entre competição e cooperação.
*Com informações da Agência de Comunicação da UFSC.
**Foto: Agência de Comunicação da UFSC
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