A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) foi palco, no final do último ano, de intensos debates sobre a descarbonização do setor de mobilidade, com foco especial nos biocombustíveis e na biomassa. O uso de fontes renováveis de energia, como a biomassa, é crucial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Ludmila Corrêa de Alkmin e Silva, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora técnica do Programa Prioritário Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do programa Mover, ressalta a relevância dos debates:
“Um dos principais pontos debatidos na COP28 é o desafio da descarbonização e da transição energética prevendo assim uma redução das emissões de gases de efeito estufa. A eficiência energética é umas das ferramentas para apoiar nesta descarbonização, apresentando uma forte conexão no Programa Prioritário Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do programa Mover, já que nesta linha estão sendo desenvolvidas soluções buscando aumento da eficiência contribuindo para a descarbonização da mobilidade”, explica.
Uso de biocombustíveis na descarbonização
Um dos pontos centrais das discussões foi o papel dos biocombustíveis na descarbonização do setor de mobilidade. Ludmila destaca que “biocombustíveis como o etanol e o biodiesel são produzidos a partir de biomassa renovável emitindo menos gases de efeito estufa. Os bicombustíveis são um fator importante para a descarbonização, principalmente quando aliados a outras soluções como motores a combustão mais eficientes e a eletrificação que são pontos chaves deste programa prioritário”, acrescenta.
No cenário internacional, o Brasil desponta como um dos protagonistas na produção de biocombustíveis renováveis. ” O Brasil apresenta uma vantagem principalmente na área de biocombustíveis renováveis devido a sua vasta experiência com o etanol (Pró Álcool), no qual diversos estudos mostram a sua vantagem quando analisado a pegada de carbono. E se destaca pelo pioneirismo na produção e no uso de outros biocombustíveis, como biodiesel, biometano e hidrogênio”, explica a coordenadora.
Apesar dos avanços, a transição para uma economia baseada em biocombustíveis ainda enfrenta desafios. O principal deles é garantir a sustentabilidade da produção de biomassa, evitando impactos negativos no meio ambiente e na segurança alimentar. Além disso, é necessário investir em tecnologias que aumentem a eficiência na produção e uso de biocombustíveis, tornando-os mais competitivos em relação aos combustíveis fósseis.
Programa Mover
Em relação ao Programa Mover, Ludmila analisa que os projetos em andamento estão alinhados com as necessidades de descarbonização da mobilidade. “Os projetos desenvolvidos neste programa normalmente são voltados para a melhorias dos motores a combustão, desenvolvimento de reformadores, células combustíveis, sistemas de regeneração de energia e armazenamento, veículos híbridos e elétricos,” resume.
Para 2024, as prioridades do Programa Mover incluem o estímulo à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias automotivas nacionais que contribuam efetivamente para a descarbonização. “O objetivo para 2024 é continuar estimulando a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias nacionais buscando a descarbonização e trazendo projetos estratégicos para contribuir efetivamente para a solução de grandes questões tecnológicas demandadas pelo setor automotivo”, conclui Ludmila.
Alguns dos projetos desenvolvidos no âmbito da Linha V – Biocombustíveis, Segurança e Propusão Veicular, do programa Mover, são:
- Utilização de ozônio para aumento de eficiência de motores flex-fuel;
- Desenvolvimento de Motor a Biogás de Alta Eficiência para Veículos de Transporte de Carga;
- Pesquisa e Desenvolvimento de Powertrain Elétrico de Alto Desempenho para Automóveis;
- Eletrificação de veículo pesado de construção e agrícola visando aumento de eficiência energética;
- Melhoria do desempenho de caminhão pesado através do uso de diesel verde e redução das emissões de CO2;
- Aumentando a eficiência da propulsão veicular por meio de hidrogênio gerado a bordo: do desenvolvimento de reformadores aos testes em sistemas de propulsão;
- Desenvolvimento de sistema de suspensão ativa-semiativa com regeneração de energia de veículos comerciais;
- Motor bi-fuel de alta eficiência a etanol e biometano para aplicação em veículos comerciais leves: testes experimentais, hibridização, dual-fuel com H2 verde e análise da pegada de carbono.
SOBRE O PROGRAMA PRIORITÁRIO
O Programa Prioritário Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do programa Mover, desenvolve soluções em mobilidade com foco na eletrificação do powertrain veicular para a alta eficiência energética, utilização de biocombustíveis para a geração de energia e a inovação de sistemas de segurança (ativa e passiva) para a preservação da integridade dos passageiros.
A iniciativa está alinhada ao processo de reestruturação e modernização do setor automotivo em um contexto de transformações tecnológicas, ambientais e sociais. O objetivo é estimular a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias automotivas nacionais para aumentar a competitividade por meio de iniciativas colaborativas.
O foco é no desenvolvimento de uma economia circular no setor automotivo, reduzindo o impacto ambiental e promovendo uma abordagem mais sustentável para a produção industrial.
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