De 18 a 22 de outubro, foi realizado o principal evento da Rede Nacional de Combustão – 8th Brazilian Combustion Summer of Combustion. O programa Rota 2030 esteve presente na programação online para debater os principais desafios no âmbito da linha V do programa, com foco nos eixos de biocombustíveis e propulsão alternativa à combustão.
O evento foi coordenado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com apoio do IDESCO – Instituto de Desenvolvimento, Estratégia e Conhecimento. A Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) foi uma das patrocinadoras.
Confira como foi a participação do programa Rota 2030 da Fundep
Para dar início a Rodada de Negócios, no dia 22/10, a analista de negócios e parcerias da Fundep, Ana Luisa, apresentou o que é o Rota 2030 e a sua importância para melhorar a competitividade e capacidade produtiva da indústria automotiva nacional. O programa é uma iniciativa do Governo Federal e a Fundep é a coordenadora de duas linhas do programa, entre elas a Linha V de biocombustíveis, segurança veicular e propulsão alternativa à combustão.
Na ocasião, foram convidadas três empresas referências do setor automotivo. Para representar a Bosch, esteve presente Fernando de Oliveira Júnior – gerente de pesquisa e desenvolvimento em sistemas powertrain; para representar a Stellantis, Leonardo Amaral – gerente de conformidade regulatória e; e para representar a Scania, participaram César Stahlschmidt – coordenador do escritório de pesquisa e inovação; e Marco Garcia – especialista em combustíveis e propulsão alternativa. Confira a seguir as discussões levantadas e os principais desafios!
Conheça os desafios da Bosch
Fernando de Oliveira Junior, gerente de pesquisa e desenvolvimento em sistemas powertrain, da empresa Bosch, trouxe uma visão panorâmica em relação aos projetos em andamento na linha V do Rota 2030 e ressaltou a importância das conexões para o desenvolvimento de novas ações: a empresa já soma 38 parceiros, 16 projetos em andamento e 9 aprovados no programa Rota 2030 no âmbito da Fundep.
Em relação ao futuro do setor, Fernando ressalta: “quando falamos em mobilidade, para 2050 temos uma visão muito clara de que ela precisa ser mais inteligente, segura e principalmente mais sustentável”. A empresa citou a sua participação em uma feira automotiva na Alemanha, onde foi possível conferir as principais tendências e a evolução em novos materiais, novos produtos, processos e sistemas que são fundamentais para a mobilidade e para o próprio Rota 2030.
Entretanto ressalta a necessidade de ter inovações não só baseadas em produtos, mas baseadas em conteúdos de dados processados: “agora, com a evolução da tecnologia, nós temos a oportunidade de olhar mais para esses dados. E o que vem com isso, o 5G, que com certeza vai trazer muita disrupção em vários negócios e em várias cadeias industriais e comerciais, então é um tema que precisamos discutir e está todo mundo de olho. Além de inteligência artificial, conectividade e a internet das coisas, o que está por trás disso são softwares e mais softwares”.
A empresa está gerando um grande volume de dados e gostaria de aproveitar de maneira mais estruturada a quantidade de informações. E acrescenta: “na Bosch já é uma realidade o desenvolvimento de tecnologias para as nossas baterias para segmentos eletrificados, elas já estão nascendo no mundo físico e virtual – battery in the cloud, e isso também vale para o desenvolvimento em salas de combustíveis – fuel cell in the cloud.”
Conheça os desafios da Stellantis
Qual o futuro da mobilidade no Brasil e no mundo? Para Leonardo Amaral – gerente de conformidade regulatória, da Stellantis, é muito importante olharmos para a nossa matriz energética e o etanol tem grande relevância nesse balanço. Confira a seguir o que ele diz sobre o assunto:
“O etanol pode ser explorado para caminhar juntamente com a evolução do veículo e da mobilidade no Brasil e no mundo. Desde o motor a combustão, até quando a gente pensa na mais elevada tecnologia fuel cell, o etanol pode estar presente. Então, a gente enquanto empresa, montadora, enxergamos de forma positiva essa transição e o avanço tecnológico que o veículo vem passando, assim como os principais impactos na vida das pessoas.
Mas essa mudança tem que ser gradativa, e principalmente economicamente viável, respeitando as características de cada mercado onde a busca pela descarbonização tenha ocorrido. Quando olhamos para a matriz energética, temos o motor a combustão, tem o potencial de evoluir um pouco mais o etanol dentro dessa cadeia para gerar mais biocombustíveis e diminuir o gap da qualidade energética entre o etanol e a gasolina, para que lá na frente ele vire protagonista nesse cenário.”
Para finalizar, reforça a importância do etanol como fonte energética do veículo do futuro e a necessidade de otimizar o seu uso, sem elevar o custo dos produtos.
Conheça os desafios da Scania
Para falar sobre as ações e desafios da Scania, estiveram presentes César Stahlschmidt – coordenador do escritório de pesquisa e inovação; e Marco Garcia – especialista em combustíveis e propulsão alternativa. A empresa tem como meta reduzir as emissões de carbono pela metade a cada década para chegar a zero até 2050.
Hoje a empresa possui quatro fábricas que produzem caminhões no mundo e dois locais para pesquisa e desenvolvimento (Brasil e na matriz na Suécia). Segundo eles, hoje já é realidade na empresa o biodiesel, bioetanol, veículos híbridos e uma plataforma elétrica em toda a rota de biocombustíveis renováveis e eletrificação.
Em relação aos desafios, foram levantados os seguintes pontos pela empresa: como fazer um motor Otto usando combustíveis de postos que se usa para veículos de passageiros? É possível colocar o etanol brasileiro diretamente em um motor movido a gás que também é ciclo Otto? A ideia é promover o uso de um motor a gás que a Scania já possui para conseguir utilizar o etanol brasileiro.
Parcerias entre pesquisadores e empresas
Ao final das apresentações, os participantes também puderam interagir e enviar dúvidas no chat da plataforma do evento. Entre os questionamentos levantados no debate, está o da professora Mona Lisa, da Universidade Federal do Ceará: como os pesquisadores podem interagir e contribuir mais com as empresas?
Na oportunidade, a professora também destacou a importância de incentivos e investimento em projetos de pesquisa e desenvolvimento de inovação pelo programa, levando em consideração o cenário atual do país.
César Stahlschmidt, da Scania, ressaltou que a empresa já está estruturando um departamento para olhar especificamente para a parte de pesquisa e inovação: “e o programa Rota 2030 ajuda muito isso, porque as expectativas das empresas privadas é se juntar com universidades para tentar um financiamento do governo. As universidades esperam aproximação do setor privado para também ter um aporte financeiro. Quando você tem esse apoio do governo através do Rota 2030 é possível juntar as duas expectativas para encontrar a melhor forma de fazer um projeto em conjunto.”
Todos os convidados reforçaram que as conexões entre a indústria e a academia, assim como fóruns de discussões técnicas, são fundamentais para diminuir o gap tecnológico do setor e melhorar a competitividade das empresas brasileiras.
Conheça o Conecta Rota
Fique de olho nas oportunidades de conexão através da plataforma “Conecta Rota” em nosso site. Você pode cadastrar de forma simples e rápida desafios e oportunidades no âmbito das linhas IV e V do programa Rota 2030. O objetivo é facilitar as conexões entre empresas e institutos de ciência e tecnologia (ICTs) para a submissão de propostas.