Iniciativa da Linha IV do Rota 2030 auxilia ferramentarias com diagnóstico e busca por soluções para superar desafios de gestão e defasagem tecnológica
Para competir entre os cinco maiores players mundiais, as ferramentarias que atendem ao setor automotivo brasileiro precisam transpor desafios relacionados à gestão empresarial, defasagem tecnológica e capacitação profissional. Nesse sentido, a plataforma Conecta Mais Ferramentarias, uma das iniciativas propostas pela Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas, do programa Rota 2030, coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), tem o objetivo de melhorar a competitividade e a produtividade de micro, pequenas e médias ferramentarias brasileiras.
Por meio de uma plataforma online, a solução conecta as empresas a consultores e fornecedores, ampliando o acesso a tecnologias de ponta e a assessoria e consultoria em finanças e gestão voltadas à indústria ferramental automotiva.
De acordo com o líder técnico de projetos da Fundep, Vitor Assun, o grande diferencial do programa reside na atuação de uma equipe de relacionamento que agrega conhecimento técnico especializado, capaz de identificar as reais necessidades das empresas e indicar as melhores soluções. “A importância do trabalho dos Agentes de Relacionamento está ligada à prospecção, apresentação e assistência na condução das jornadas. Já no caso dos consultores, o ganho está relacionado à análise da solução tecnológica a ser implementada”, afirma o líder técnico.
Pontos de melhorias
A solução foi desenvolvida com base nos resultados de um estudo de plataformização de serviços industriais, realizado pela Delloite. O modelo de estudo de maturidade internacional utilizado na plataforma foi desenvolvido pelo instituto Fraunhofer e traduzido pelo Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), que acrescentou ainda dados de benchmarking organizacional e tecnológico aplicado em ferramentarias brasileiras (13/11/2020 à 31/01/2022).
Os dados da pesquisa trazem uma visão estratégica sobre o setor ferramenteiro, que atualmente utiliza apenas 35% de sua capacidade instalada, e indicam os principais pontos de melhoria, sendo eles: Orientação estratégica; Conceito de manufatura e plano de investimentos; Aumento da utilização de máquinas pela automação da manufatura; Processo digital para o acompanhamento dos pedidos e indústrias 4.0; Planejamento e agendamento da produção.
De acordo com Vitor Assun, a partir deste estudo foi criada uma equipe multidisciplinar, focada em métodos ágeis, que deve entregar, até o final de 2023, uma solução para abastecer a plataforma com dados de funcionamento inicial. “A intenção é implementar 100 jornadas em 2023 e 200 até o primeiro trimestre de 2024”, informa.
A execução do Conecta Mais conta com o apoio do Centro para a Quarta Revolução Industrial do Brasil – C4IR.
Monitoramento em tempo real
Ainda conforme Assun, a interface ocorre de duas formas: por meio de acesso direto das ferramentarias à plataforma – requisitando jornadas de melhoria ou contatando consultorias e fornecedores – e dos agentes de relacionamento, que prospectam as ferramentarias e auxiliam nas implementações de jornadas.
A S. Moldes Ferramentaria, localizada em Guarulhos (SP), foi convidada a participar do programa no final de 2022. De acordo com o sócio-diretor Matheus Camin, a empresa, que operava com mais de 15 máquinas na fabricação de moldes para injeção e ferramentais, não possuía controle sistematizado da produtividade industrial. A partir de um diagnóstico de maturidade e análise dos processos, a equipe do Conecta Mais apresentou à S. Moldes um fornecedor de sistemas que implementou uma solução para monitoramento das máquinas por meio de sensores. Os dados gerados são registrados em uma plataforma online, que pode ser acessada pelo celular ou computador, para acompanhamento da produtividade do maquinário em tempo real.
Segundo o sócio-diretor da S. Moldes, com a implantação do sistema, finalizada em junho, a produtividade da empresa saltou de 28% para 40%. Outro benefício do uso do sistema é a possibilidade de apontamento de horas exatas empregadas na produção das peças nos orçamentos, o que impacta diretamente na competitividade da empresa. Como afirma Camin, a partir do ciclo completo de produção de um molde, que leva de 90 a 120 dias para ser concluído, a empresa terá os dados de produtividade de forma mais completa.
Ainda sobre os benefícios, ele afirma que, além da análise de dados, a digitalização dos processos possibilitou a comparação entre metas e resultados, eliminou o uso de papel e facilitou a interatividade entre os colaboradores da empresa, que agora trabalham de forma mais integrada e corresponsável. “Em 20 anos no ramo de ferramentaria, nunca tivemos acesso à assistência que a Fundep nos prestou, nos auxiliando a encontrar as soluções necessárias para crescermos”, testemunha o empresário.
Processos mais dinâmicos
Apesar de ser classificada como intermediária no diagnóstico de maturidade em relação ao uso de tecnologias, a Ferramentaria Stampway necessitava de uma solução que auxiliasse nos processos de desenvolvimento de try-out, monitoramento de máquinas e áreas produtivas e gestão operacional industrial. Localizada em Limeira (SP), a empresa já utilizava um software de gestão, mas ainda precisava estabelecer parâmetros de produtividade e apontamento.
“A equipe técnica do programa foi diretamente ao ponto, o diagnóstico foi bastante assertivo e trouxe à luz problemas que não percebíamos ou aos quais não dávamos a devida importância no dia a dia da produção”, relata o sócio-diretor da Stampway, Anderson Bobbo. “Além de um entrave relacionado a apontamentos e monitoramento, notávamos que os diversos setores não se comunicavam bem. E a partir do momento em que nos colocaram em contato com três empresas, entendemos a necessidade de mudar alguns rumos”, acrescenta.
Para o empresário, a metodologia se destaca, sobretudo, pela oportunidade de conexão entre empresas e fornecedores. “Essa conexão facilita muito o nosso dia a dia, especialmente em relação à área de gestão, que representa uma dificuldade. Estamos mais adiantados na implementação do software de monitoramento e temos uma expectativa grande de começarmos a interligar e conhecer melhor as ferramentas e discutir o que é viável, para não tomarmos decisões precipitadas. Ter um consultor trabalhando conosco na implantação do sistema trouxe mais velocidade e sustentação à digitalização da empresa”, conclui Bobbo.
Saiba mais informações sobre o Conecta Mais Ferramentarias e como participar!
SOBRE A LINHA IV DO ROTA 2030
O setor ferramenteiro é um dos grandes destaques do programa Rota 2030. Coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), com coordenação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas tem o objetivo é solucionar as dificuldades de ferramentarias com baixa produtividade e defasagem tecnológica, capacitando a cadeia de ferramental de produtos automotivos para atingir competitividade em nível mundial.
A partir da aliança entre os principais atores que representam o conhecimento do setor (ferramentarias, montadoras, Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs, startups e entidades representativas), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia ferramental brasileira.
A proposta é oferecer soluções capazes de integrar a cadeia tecnológica de ferramental, por meio do aumento da produtividade e da competitividade. A Linha IV vem atuando em diversos eixos para alcançar os resultados esperados e promover a transformação necessária, tendo como indicadores a elevação do nível de qualidade e de confiabilidade dos produtos e o aumento do grau de prontidão e de maturidade tecnológica e organizacional, caracterizados pela percepção dos requisitos e restrições impostos pelo avanço da indústria 4.0.
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