Termina nesta sexta-feira (14/7) o prazo para envio de propostas para a Linha IV do Rota 2030
Visando contribuir para elevar a competitividade do segmento de forjamento brasileiro, a Fundep, coordenadora da Linha IV – Ferramentarias Brasileiras mais Competitivas do programa Rota 2030, lançou a Chamada Pública de PD&I: Projetos e Matrizes para Forjamento. O objetivo é incentivar o desenvolvimento de projetos de pesquisa e inovações tecnológicas que venham a solucionar problemas específicos da cadeia de ferramental brasileira voltada ao setor de forjamento.
A indústria automotiva concentra vários fluxos produtivos e tem em sua base empresas produtoras de matrizes para conformação do aço utilizado no forjamento. E há uma expectativa de ampliar a participação delas no fornecimento de peças, tanto para o mercado nacional quanto internacional. Entretanto, para que esse objetivo seja alcançado, alguns desafios precisam ser superados, entre os quais, maior rapidez nas entregas e desenvolvimento de produtos e processos adequados às exigências ambientais, tecnológicas e de segurança, além de demandas relacionadas ao ferramental.
Vale observar que a Linha IV do Rota 2030 já vem atuando nesse sentido. De acordo com a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) Ana Paola Villalva Braga, responsável pela coordenação técnica das atividades, o relacionamento com produtores de matrizes e moldes para estampagem, injeção de plásticos, injeção de alumínio e fundição vinha se fortalecendo, mas as iniciativas ainda não atendiam aos fabricantes de matrizes para forjamento. “A Linha IV tem a intenção de alavancar o desenvolvimento e implementação de novas tecnologias em todos os modais de produção de ferramentas que atendem ao setor automotivo, e esta chamada vem completar o quadro”, diz.
As propostas devem contemplar a aceleração do desenvolvimento de tecnologias existentes, a realização de testes e a validação de protótipos/pilotos. A data-limite para a submissão das pré-propostas vai até o dia 14/07/2023 (às 17 horas).
Etapas da chamada
Na primeira etapa de submissão, serão recebidas pré-propostas com conteúdo básico, que deverão possibilitar ao Conselho Técnico avaliar a aderência do escopo dos projetos aos objetivos da chamada, a relevância do trabalho e seu potencial de contribuição para o aumento da competitividade das ferramentarias brasileiras, além da adequação da infraestrutura e dos pesquisadores participantes ao desenvolvimento das atividades propostas.
Na segunda etapa, os projetos deverão detalhar metodologia, cronogramas, orçamento e plano de atividades dos bolsistas. As informações serão avaliadas conforme critérios de excelência como potencial de impacto, grau de envolvimento entre parceiros, qualificação da equipe, adequação ao cronograma e ao orçamento. “Sugerimos que as propostas tenham sempre o apoio tecnológico às ferramentarias como elemento central, além de temas alinhados com as empresas que são usuárias dos itens, como as montadoras e as sistemistas”, orienta Ana Paola.
Temas prioritários
A chamada abre ampla possibilidade para a apresentação de temas relacionados às necessidades do segmento de matrizes de forjamento. O coordenador da Comissão Técnica de Ferramentas, Moldes e Matrizes da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e sócio-diretor da Heat Tech – Tecnologia em Tratamento Térmico e Engenharia de Superfície Ltda. e da HTS Tecnologia em Revestimentos Ltda, Carlos Eduardo Pinedo, colaborou na elaboração do texto.
Para ele, a relevância da iniciativa está em reunir os diferentes atores – fabricantes de aços, prestadores de serviços em tratamentos térmicos e superficiais, Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e usuários – para delinear as necessidades mais importantes de PD&I. Como afirma Pinedo, as principais demandas da indústria de forjamento estão no aprimoramento da matéria-prima, ou seja, do aço, e das ferramentas de forjamento, que são alvo de severas solicitações em serviço e, por isso, apresentam menor longevidade em comparação a outros ferramentais.
“Existe espaço para o desenvolvimento de aços com propriedades otimizadas, com dureza na faixa 54 a 60 Rockwell C e boa tenacidade. Também é extremamente importante o uso da engenharia de superfície para aumentar a resistência das matrizes ao desgaste, que é a principal causa de fim de vida desse ferramental. Isso inclui processos otimizados de tratamentos térmicos e, principalmente, tratamentos superficiais, importantes para o aperfeiçoamento das propriedades dessas ferramentas. Por outro lado, melhores projetos de prensas, lubrificação e outras variáveis de processo são importantes para minimizar os danos dos ferramentais”, indica Pinedo.
Pesquisa e inovação conectadas à indústria
A chamada prevê aportes de até R$ 15 milhões em projetos de pesquisa e inovação que mobilizarão estudantes e pesquisadores para gerar conhecimento científico aplicável à indústria. Assim, a Linha IV do Rota 2030 conecta as ICTs habilitadas e dotadas de competências necessárias ao atendimento das demandas de capacitação da cadeia ferramental brasileira das empresas, permitindo adequação na forma de entrega do conteúdo científico dos projetos. Da mesma forma, oferece aos fabricantes e usuários de matrizes para forjamento a oportunidade de buscar apoio científico e tecnológico junto às ICTs.
Além disso, as empresas poderão ter melhor acesso ao modo de produção do conhecimento, a fim de aplicá-lo a seus processos e obter maior valor agregado de seus produtos. “As empresas que têm participado dos projetos de PD&I da Linha IV relatam grande satisfação com o ecossistema de inovação que foi criado. Empresários e pesquisadores das empresas de grande, médio e pequeno porte formaram redes de discussão, de troca de conhecimento e identificação de novas oportunidades de negócio e capacitação empresarial para atender às demandas de mercado”, afirma Ana Paola.
A expectativa, segundo a pesquisadora do IPT, “é contribuir para melhoria do cenário do segmento, capacitando as ferramentarias para uma melhor atuação em seus mercados e para a busca de novas oportunidades”. “A frente de PD&I não conseguirá atingir esses objetivos sozinha, mas dará algumas condições para um crescimento sólido e sustentável das empresas”, diz.
Ainda de acordo com Ana Paola, o mercado global de ferramentaria fatura bilhões de dólares todos os anos e a participação brasileira é de menos de 1% desse valor. “O Brasil importa cerca de metade das ferramentas utilizadas pelas montadoras e esse cenário tem piorado com a perda de competitividade das ferramentarias brasileiras. Países da Europa ainda são referência em qualidade, enquanto a China é imbatível em termos de preço e prazo de entrega”, informa.
SOBRE A LINHA IV
O setor ferramenteiro é um dos grandes destaques do programa Rota 2030. Coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), com coordenação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras mais Competitivas tem o objetivo é solucionar as dificuldades de ferramentarias com baixa produtividade e defasagem tecnológica, capacitando a cadeia de ferramental de produtos automotivos para atingir competitividade em nível mundial.
A partir da aliança entre os principais atores que representam o conhecimento do setor (ferramentarias, montadoras, Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs, startups e entidades representativas), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia ferramental brasileira.
A proposta é oferecer soluções capazes de integrar a cadeia tecnológica de ferramental, por meio do aumento da produtividade e da competitividade. A Linha IV vem atuando em diversos eixos para alcançar os resultados esperados e promover a transformação necessária, tendo como indicadores a elevação do nível de qualidade e de confiabilidade dos produtos e o aumento do grau de prontidão e de maturidade tecnológica e organizacional, caracterizados pela percepção dos requisitos e restrições impostos pelo avanço da indústria 4.0
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
Fique por dentro de todas as ações, desenvolvidas por meio do Rota 2030, que geram impacto e contribuem para ampliar a competitividade do setor automotivo.