Precisão submétrica para atender às demandas da Agricultura de Precisão, além de outras aplicações automotivas. Esse é o tema do projeto “Sistema de Posicionamento por Ponto Preciso em Tempo Real com Integração INS/GNSS para Veículos Agrícolas Conectados”, que tem como objetivo desenvolver uma solução de posicionamento de precisão, acessível e de baixo custo para o setor agrícola brasileiro. Essa inovação busca integrar tecnologias avançadas, como Sistemas de Navegação Global por Satélite (GNSS) e Sistemas de Navegação Inercial (INS), utilizando a técnica de Posicionamento por Ponto Preciso em Tempo Real (PPP-TR).
O projeto é executado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), por meio da Linha V – Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), coordenado pela Fundação de Apoio à UFMG (Fundep). O aporte total no projeto é de R$ 842 mil, sendo que recentemente foram liberados R$ 484 mil para a segunda fase do projeto, com o intuito de consolidar o protótipo e avançar nas etapas de validação. O sistema se baseia na integração de receptores de frequência simples e baixo custo com correções PPP, disponibilizadas via internet em tempo real. “Por meio da solução proposta, a mesma precisão de posicionamento do DGNSS pode ser obtida com base em receptores GNSS de baixo custo conectados à Internet”, destaca o coordenador-geral do projeto e professor na UFLA, Felipe Oliveira Silva.
Desenvolvimento
O desenvolvimento do protótipo abrange uma série de etapas, incluindo a avaliação de correções PPP-TR, comparação com outros sistemas de navegação, como RTK, e a integração do GNSS com o INS. “O projeto consiste no desenvolvimento, teste e validação de um protótipo de sistema de posicionamento de precisão (submétrica) para veículos agrícolas conectados à Internet”, afirma Silva, destacando também que o sistema já está 75% concluído.
Parcerias
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) atua como a principal Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) no desenvolvimento técnico do projeto, liderada pelo professor Felipe Oliveira. A MWF Mechatronics, empresa com expertise em sistemas mecatrônicos e eletrônica embarcada, também é parte integrante do projeto. Rogério Menezes Filho, sócio da MWF, ressalta a importância de parcerias desse tipo para o avanço da indústria tecnológica brasileira. “Com esta parceria, podemos implementar algoritmos extremamente sofisticados em eletrônicas embarcadas produzidas no Brasil, o que é inédito e estratégico para o país”, diz.
Impacto em outros setores
A relevância desse projeto vai além do setor agrícola. A possibilidade de fornecer um sistema de posicionamento de precisão a um custo acessível pode beneficiar outros setores que demandam alta conectividade e automação.
No transporte urbano, por exemplo, sistemas de navegação precisos podem otimizar o tráfego em cidades inteligentes, permitindo o controle mais eficiente de frotas e a implementação de veículos autônomos, reduzindo congestionamentos e promovendo uma mobilidade urbana mais sustentável.
Além disso, o projeto se alinha à tendência crescente de conectividade nos veículos automotivos, tanto agrícolas quanto comerciais e industriais, fortalecendo a integração com sistemas de Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial, impulsionando o desenvolvimento de veículos conectados e autônomos no Brasil. A implementação de um sistema de baixo custo e alta precisão pode, portanto, ser um diferencial competitivo que coloca a tecnologia brasileira em evidência no mercado global.
Expectativas
O projeto visa alcançar um Nível de Prontidão Tecnológica (TRL) 7, ou seja, que o sistema esteja validado em um ambiente operacional relevante, como uma fazenda conectada. Além disso, a expectativa é que essa tecnologia não apenas atenda à Agricultura de Precisão, mas também se estenda a outros setores da economia brasileira, como mineração e transporte, como destacado anteriormente.
“O projeto é o primeiro passo para a obtenção de um novo sistema, o PPP-RTK, capaz de fornecer precisão centimétrica a baixo custo, sem a necessidade de bases GNSS próximas ao veículo”, complementa Silva. A previsão é de que, com a finalização do protótipo, novas propostas sejam enviadas para futuras chamadas públicas, visando expandir as aplicações da tecnologia desenvolvida.
Com o desenvolvimento e implementação desse sistema, o projeto busca não apenas avançar a tecnologia agrícola, mas também abrir portas para novos horizontes no setor automotivo nacional. A integração de sistemas de baixo custo e alta precisão promete soluções mais acessíveis e eficientes, capazes de impactar positivamente diferentes setores industriais. A parceria entre academia, indústria e a Fundep, aliada à perspectiva de expansão para novos projetos, reforça o potencial transformador dessa iniciativa, impulsionando a competitividade e a inovação tecnológica no Brasil.
“A MWF já fornece componentes de alto teor tecnológico para alguns setores, e espera-se que essa tecnologia de posicionamento possa ser integrada em breve ao mercado, contribuindo para a competitividade da indústria brasileira”, completa Rogério.
Sobre a Linha V
A Linha V – Biocombustíveis, Segurança e Propulsão Veicular, do Programa Mover, tem como diretriz a eletrificação do powertrain veicular para a alta eficiência energética, a utilização de biocombustíveis para a geração de energia e a adequação do contexto brasileiro de infraestrutura de abastecimento.A partir da aliança entre os principais atores que representam o conhecimento do setor (empresas, entidades representativas e Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia automotiva.
A Fundep é a coordenadora da Linha V. A coordenação técnica é da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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