Segundo projeção da Anfavea e do Sindipeças, tendência é de crescimento na produção da indústria brasileira de automóveis
A indústria automotiva tem passado por grandes mudanças, principalmente quanto à sustentabilidade e à tecnologia, pilares que vão reger o mercado em 2024. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as projeções para o desempenho do setor neste ano apontam um crescimento de 4,7% da produção (cerca de 2,47 milhões de veículos). Os números, porém, ainda estão abaixo do patamar de unidades produzidas no pré-pandemia, superiores a 2,9 milhões.
O programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), substituto do Rota 2030, vem contribuir com o crescimento do setor e das indústrias automotivas brasileiras ao investir em inovação e inserir o Brasil nas cadeias globais de valor. A atuação da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), na liderança de três programas prioritários, está alinhada ao compromisso de promover a neoindustrialização, centrada na inovação e orientada por um processo de reestruturação produtiva.
Projeções para 2024
Nos últimos anos, o setor automotivo testemunhou uma mudança significativa em relação às soluções de mobilidade limpas e sustentáveis, impulsionadas pelo aumento da preocupação com as mudanças climáticas, pelas regulamentações de emissões mais rígidas e pelos avanços na tecnologia. A pandemia da Covid-19 também impactou profundamente o setor, com interrupções na cadeia de suprimentos global e alteração do comportamento dos consumidores.
Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a expectativa para a produção neste ano é de uma “pequena melhora” em relação a 2023, que se deve, especialmente, ao crescimento do mercado interno.
“O aumento ocorre por uma projeção de alta na demanda do mercado nacional, mas teremos uma produção estável, principalmente de veículos leves. A expectativa é que as vendas de autoveículos sejam de 2,450 milhões, elevação de 5,8% em comparação a 2023. Esperamos crescimento de 5,3% para automóveis e comerciais leves e de 14,1% para veículos pesados”, explica Leite.
O presidente da Anfavea acredita que o ano será positivo para o setor automotivo brasileiro. “Além da expectativa de crescimento do mercado interno e da produção, devemos celebrar a publicação da Medida Provisória (MP) 1.205, que instituiu o programa Mover. Trata-se de uma política industrial moderna e inteligente, que garante previsibilidade para toda a cadeia automotiva nacional e para novas empresas que surgirem. Além disso, a MP privilegia as novas tecnologias de descarbonização e os investimentos em P&D, favorecendo a neoindustrialização.”
Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Cláudio Sahad, o país tem boas oportunidades pela frente. “A diversidade de nossa matriz para a produção de energia limpa é uma grande vantagem, e os programas prioritários do Mover são os principais responsáveis pelo desenvolvimento das práticas de inovação nas pequenas e médias empresas do setor”, destaca.
Sahad acrescenta que, segundo as previsões realizadas pela área de Economia do sindicato, o faturamento nominal da indústria de autopeças pode chegar a R$247,7 bilhões em 2024, 4% a mais que o registrado em 2023. “Os investimentos que sofreram redução no ano passado podem crescer 2,1%, totalizando cerca de R$6 bilhões”.
Tecnologia avançada
Os veículos elétricos (VEs) estão revolucionando o mercado e são uma das tendências mais significativas do setor automotivo. A expectativa é que eles continuem em ascendência, impulsionada por redução de custo de baterias, melhoria da infraestrutura de recarga e políticas governamentais de apoio. Para atender às novas necessidades dos consumidores, os fabricantes de automóveis têm investindo pesadamente em tecnologia de veículos elétricos, com a produção de veículos autônomos e o uso de Integração de Inteligência Artificial (IA) e de Aprendizado de Máquina (ML).
Práticas sustentáveis
O foco dos fabricantes de automóveis está cada vez mais voltado para as práticas de produção sustentáveis e, neste ano, é possível que surjam mais iniciativas para reduzir a pegada de carbono das empresas automotivas, como adoção de fontes de energia renováveis, sistemas eficientes de gerenciamento de resíduos e uso de materiais reciclados. A dinâmica visa não só minimizar o impacto ambiental, mas suprir as novas necessidades e preferências dos consumidores.
Uma destas escolhas é a mobilidade compartilhada, como as plataformas de carona, os programas de compartilhamento de carros e as soluções de mobilidade como serviço (MaaS). A expectativa é que elas continuem em ascensão em 2024. Os serviços baseados em assinatura também estão conquistando a popularidade dos consumidores e, nos próximos meses, a tendência é ter mais fabricantes de automóveis e fornecedores terceirizados oferecendo modelos flexíveis de propriedade de veículos.
Brasil e o mercado internacional
Devido à grande diversidade de sua matriz para a produção de energia limpa, o Brasil pode ocupar lugar de destaque nas decisões mundiais sobre descarbonização no setor de transporte. “Com políticas públicas para explorar adequadamente esse potencial, nossa indústria de transformação pode dar um salto de qualidade. Defendemos a coexistência de várias rotas tecnológicas, que levem em conta as especificidades de cada mercado”, explica Sahad.
Cláudio Saad completa que os biocombustíveis são uma grande vantagem nacional e elevaram o Brasil a uma posição de destaque no campo da tecnologia para a redução das emissões de carbono. “Nosso país tem potencial para ser um grande fabricante de veículos híbridos flex, abastecidos com etanol. Também podemos nos tornar importante hub produtor e exportador de motores e veículos a combustão, que não serão mais fabricados nos Estados Unidos e na União Europeia, mas que terão vida longa, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Essa oportunidade é também um grande desafio para toda a cadeia de produção nacional”, reflete.
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