Iniciativa visa alta eficiência com redução drástica de NMOG em motores flex-fuel

Categoria: Linha V

Principal objetivo de projeto do Programa Prioritário Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão é atender aos limites de emissões de gases estabelecidos pelo Proconve e manter os motores movidos a etanol hidratado brasileiro como aliados da mobilidade sustentável.

O estímulo ao uso do etanol é uma das estratégias do setor automotivo brasileiro para diminuir a emissão de carbono por demandar investimentos inferiores aos de países europeus e asiáticos. Mas, para que os veículos movidos a etanol sejam, de fato, aliados da transição energética, o Brasil tem pela frente o desafio de desenvolver tecnologias capazes de reduzir também as emissões de gases orgânicos não metano (NMOG), conforme prevê o projeto “Desenvolvimento e Aplicação de Tecnologias Viáveis no Motor Flex-fuel Etanol/gasolina para Atingir Alta Eficiência com Redução Drástica de NMOG”. 

A iniciativa foi aprovada pelo Programa Prioritário Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão, coordenado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep). O projeto tem como objetivo principal incentivar o desenvolvimento de tecnologias nacionais para aplicação em motores flex-fuel (etanol-gasolina) brasileiros, que permitam cumprir as metas de emissões e eficiência de conversão de combustível a partir de 2027. Para tanto, a Fundep irá aportar R$ 8,7 milhões em recursos, com contrapartidas de R$ 2,4 milhões dos parceiros envolvidos.

Eficiência com responsabilidade ambiental

Em termos de redução das emissões de CO2, o etanol é mais eficiente que um carro elétrico europeu, cuja matriz energética é baseada em gás natural. Um estudo realizado pela Stellantis e divulgado em outubro de 2023 demonstrou que um veículo movido a etanol apresentou uma emissão de CO2 34,85 kg menor em relação ao veículo elétrico que usa a matriz europeia. O carro a etanol evitou a emissão de 144g de CO2 por quilômetro rodado no trajeto do teste, reduzindo, assim, mais de 60% a pegada de carbono. 

Prof. José Baeta (UFMG)

Há, no entanto, alguns poluentes relacionados ao etanol que merecem especial atenção, como é o caso dos aldeídos (RCHO), compostos resultantes, sobretudo, da queima do combustível em veículos automotores, que pode ser nociva ao organismo humano. 

Por isso, desde 2020, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) vem estabelecendo limites cada vez mais rígidos para as emissões de aldeídos. Nesse sentido, segundo o coordenador geral do projeto e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), José Guilherme Coelho Baeta, propõe-se nesse projeto combinar várias tecnologias para a geração de produtos que possibilitem a otimização e ampliação no mapa do motor e o aumento da eficiência de conversão de combustível. “Nosso foco é atender ao Proconve L8, viabilizando, principalmente, a redução da emissão dos formaldeídos e acetaldeídos e também das emissões de NOx.”

Tecnologias aplicadas

Além da coordenação técnica da UFMG, o projeto tem como parceiros a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UNB). Os trabalhos começaram em outubro e, conforme o cronograma, as etapas previstas compreendem desde a seleção e treinamento de alunos, aquisição de equipamentos necessários nas ICTs envolvidas, até o desenvolvimento de tecnologias e sistemas de controle específicos, bem como a realização de testes, que devem se iniciar ainda em 2024. A previsão é que o projeto seja concluído em 2026. 

 “A equipe de professores envolvida possui vasta experiência no desenvolvimento de projetos de inovação e alguns de seus membros têm ainda experiência prévia em desenvolvimento de produtos em indústrias automotivas. Os alunos, por sua vez, estão sendo selecionados com base em critérios bem estabelecidos para a realização das atividades propostas”, acrescenta o professor.

Ainda de acordo com Baeta, o estudo é estratégico para a utilização de fontes viáveis de bioenergia e o consequente cumprimento das metas de descarbonização. Para atingi-las, ele informa que serão desenvolvidas e aplicadas tecnologias para redução das emissões de NMOG e eliminação das emissões de NOx. “Esse processo será experimentado, principalmente, durante a fase fria de partida e aquecimento do motor, utilizando técnicas de aquecimento em novos catalisadores injetores, e estratégias de controle do próprio motor, dentre outras”, conclui.

PROGRAMA PRIORITÁRIO

O Programa Prioritário Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão tem como diretriz a eletrificação do powertrain veicular para a alta eficiência energética, a utilização de biocombustíveis para a geração de energia e a adequação do contexto brasileiro de infraestrutura de abastecimento. 

A partir da aliança entre os principais atores que concentram o conhecimento do setor (empresas, entidades representativas e Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia automotiva. 

A Fundep é a coordenadora do programa. A coordenação técnica é da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE). 

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