Projeto Conecta 2030 propõe desenvolvimento de ecossistema para detecção de pessoas em vias

Projeto Conecta 2030 propõe desenvolvimento de ecossistema para detecção de pessoas em vias
Categoria: Linha VI

Projeto do Programa Prioritário Conectividade Veicular prevê o uso das tecnologias 5G e CV2X para evitar acidentes envolvendo pedestres, ciclistas e motociclistas em estradas e vias urbanas

Um dos aspectos mais relevantes da conectividade veicular é, sem dúvida, a possibilidade de comunicação entre softwares e dispositivos, indispensável aos mecanismos de segurança e prevenção de acidentes. Com o objetivo de contribuir para o aprimoramento das tecnologias, o projeto “Conecta 2030: Ecossistemas conectado e cooperativo para detecção de pedestres em travessias” foi aprovado na Chamada Pública de PDI 01/2022 do Programa Prioritário Conectividade Veicular, coordenado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep).  A iniciativa, executada pelo Centro Universitário Facens,  receberá aporte total de R$ R$ 2,9 milhões. 

A equipe tem pela frente o desafio de desenvolver um ecossistema-conceito com várias tecnologias combinadas, como o C-V2X – que possibilita a comunicação veículo-veículo (V2V), veículo-infraestrutura (V2I), veículo-pedestre (V2P) e veículo-nuvem (V2C) – e o 5G, a fim de promover a conectividade entre dispositivos com sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS) sem a necessidade de redes de telefonia celular. 

Roberto S. Netto, Facens.

O coordenador-geral do projeto, Roberto S. Netto, chefe de Tecnologia do Centro Universitário Facens (IP Facens), afirma que a iniciativa está baseada em três pilares: conectividade, inteligência artificial e gêmeos digitais, visando à redução de acidentes envolvendo usuários vulneráveis de estrada. O termo, traduzido do inglês: Vulnerable Road User (VRU), refere-se a pedestres, ciclistas, motociclistas ou qualquer pessoa que corra maior risco de lesões ou morte devido à colisão com veículos motorizados. “Os usuários vulneráveis de vias frequentemente estão desprotegidos e têm visibilidade limitada, tornando-os mais suscetíveis a acidentes causados por veículos motorizados”, explica Netto.

Múltiplas tecnologias

A primeira fase do projeto foi iniciada em outubro, quando foi feita a programação do sistema com imagens dos VRUs e situações de risco. Serão realizados vários testes nas vias do Campus conectado da Facens. Segundo Netto, será criado um ambiente de gêmeo digital em uma parte do 5G Smart Campus Facens para, assim, testar um recurso de detecção de pessoas em vias públicas. “Além de identificar se alguém está atravessando uma faixa de pedestres, o sistema poderá verificar se o indivíduo está em situação de perigo e, imediatamente, enviar alertas tanto para os veículos envolvidos nesse cenário como para o pedestre”. O coordenador-geral explica que a tecnologia de gêmeo digital possibilitará simular inúmeras situações no ambiente virtual, com pessoas reais, sem oferecer riscos, começando a gerar um banco de dados de situações de perigo real.

De acordo com Netto, a Facens tem o primeiro campus conectado do estado de São Paulo e, desde 2021, trabalha nas áreas da conectividade veicular e da inteligência artificial voltadas para mobilidade. “A partir da solução C-V2X da Qualcomm, vimos a oportunidade de criar esse ecossistema, que é algo muito novo”, diz. Segundo Netto, o C-V2X funciona em uma frequência diferente, possibilitando a comunicação entre dispositivos sem a necessidade de uma rede de telefonia celular.

Parcerias estratégicas

Como afirma o coordenador do Conecta 2030, a ideia da pesquisa nasceu da experiência da Facens no projeto “Detecção de motocicletas no ponto cego do veículo utilizando sensor radar”. “Tivemos resultados muito bons e palpáveis para a indústria, tanto do ponto de vista de desenvolvimento, quanto de capacitação dos alunos e pesquisadores com para atuação nas empresas. Com o programa, vimos a oportunidade de dar continuidade ao trabalho, trazendo, além das tecnologias já desenvolvidas, parceiros estratégicos com os quais já estabelecemos sintonia”, afirma Netto. 

A iniciativa Conecta 2030 tem o apoio da operadora TIM Brasil e da Stellantis – grupo que integra as marcas Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën. Além disso, conta com as parcerias das Universidade de São Paulo Campus São Carlos (USP-São Carlos), Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e da universidade alemã Technische Hochschule Ingolstadt (THI) no desenvolvimento do trabalho. 

Para o diretor de Architecture & Technology Evolution da TIM Brasil, Átila Xavier, ao participar do Conecta 2030, a operadora incrementa o seu conjunto de projetos relacionado à Internet das Coisas, que é uma das suas prioridades. “Somos pioneiros em iniciativas que permitem a expansão de soluções e serviços, com ofertas de conectividade para os principais setores da economia brasileira. Acreditamos que, com o programa, conseguimos trabalhar duas frentes de atuação importantes: indústria automotiva e cidades inteligentes. Para a indústria, nossas parcerias com empresas como a Stellantis, para a qual desenvolvemos a primeira planta automotiva 5G do Brasil, reforçam nosso compromisso em criar soluções inovadoras para o mercado e melhorar a vida das pessoas”, diz. 

Segundo ele, a conectividade é essencial para viabilizar projetos voltados à indústria automotiva que permitam pensar em sistemas autônomos, aplicações, como telemetria, assistência remota com feedback em tempo real, melhor experimentação para usuários e mais segurança e até mesmo futuros projetos de carros autônomos. “Nossa meta é auxiliar na comunicação entre pedestres, ciclistas e veículos para reduzir ocorrências de atropelamentos e colisões nas vias. Somos a operadora escolhida para fornecer conectividade para a iniciativa, mas aspiramos também ir além da conectividade pelo uso sinérgico da Rede 5G, Inteligência Artificial e Gêmeos Digitais”, ressalta Xavier.

De acordo com o gerente de Produtos da Stellantis, Candido Vinicius Cruz, o projeto Conecta 2030 desempenha papel crucial para a empresa ao propiciar oportunidades para inovação, colaboração e desenvolvimento sustentável. “Temos a responsabilidade e a oportunidade de contribuir ativamente para o sucesso do projeto, impulsionando a indústria automotiva para um futuro mais tecnológico, eficiente e sustentável”, diz Cruz. 

Como ele afirma, a empresa tem como propósito liderar a forma como o mundo se move e, para isso, se apoia em quatro valores: ser centrada no cliente, ser ágil e inovadora, vencer juntos e cuidar do futuro. “A nossa participação neste projeto está alinhada a este propósito e valores. Quando trabalhamos em parceria e em benefício do pedestre, com foco em inovação, estamos buscando a evolução tecnológica e um futuro mais seguro e sustentável no uso dos veículos”.

SOBRE O PROGRAMA PRIORITÁRIO 

O Programa Prioritário de Conectividade Veicular busca promover a pesquisa, desenvolvimento e a inovação (PD&I) em conectividade veicular, contribuindo para o desenvolvimento Industrial e tecnológico do setor automotivo e sua cadeia de produção, promovendo impacto e abrangência nacional.

A frente de atuação irá estimular a produção de tecnologias em quatro principais áreas temáticas: Conectividade: Meio ambiente e Descarbonização; Conectividade dos veículos com o ambiente externo; Tecnologia da Privacidade e Segurança de Dados; e Serviços, Diagnóstico e Manutenção Preditiva de Veículos. Todas essas temáticas serão trabalhadas em 3 eixos: Projetos de PD&I; Programa de Aprendizado Federado; e Desenvolvimento de Competências.

Liderado pela Fundep, o Programa Prioritário Conectividade Veicular tem coordenação técnica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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