Parceria entre FGV e Unicamp propõe reduzir emissão dos gases de efeito estufa por veículos leves nacionais

Categoria: Linha V

Projeto integra a Linha V do programa Rota 2030, coordenada pela Fundep, e avalia a pegada de carbono do “berço ao portão” de automóveis fabricados no Brasil 

Determinar e avaliar a pegada de carbono de veículos leves tipo automóveis fabricados no Brasil, seguindo os requisitos das normas de Avaliação do Ciclo de Vida ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006, são os objetivos do projeto “Do berço ao portão”. Em fase inicial de desenvolvimento, a iniciativa é executada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e integra a Linha V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão do programa Rota 2030, coordenada pela Fundep.  

O propósito é quantificar os impactos das mudanças climáticas desde a extração da matéria-prima à fabricação dos veículos; mapear as fontes de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e as principais oportunidades de redução; e fazer benchmarking internacional, identificando as diferenças em relação à produção de veículos em outros países. O projeto tem duração prevista de 24 meses, com finalização estimada para junho de 2025.  

Demanda setorial  

A ideia nasceu para posicionar a produção nacional em comparação com os veículos leves fabricados no mundo, de modo a aprimorar o gerenciamento das emissões de poluentes na atmosfera. A proposta está organizada em seis etapas e envolve a avaliação de até oito veículos representativos do setor brasileiro. Tal esforço resultará na elaboração de uma ferramenta setorial para o cálculo da pegada de carbono e sua disponibilização para o setor automotivo e os demais atores envolvidos.  

Foto: Mario Monzoni

O coordenador-geral do projeto, professor da FGV, Mario Monzoni, explica que, por ser uma iniciativa de grande dimensão e relevância, o “Do berço ao portão” tem atraído muitas empresas dispostas a contribuir com o estudo. “Queremos que o trabalho seja referência para pesquisas desse tipo e resulte na promoção de estratégias de redução de emissões de GEE a serem utilizadas em âmbito público e empresarial e amplie o olhar do setor para a sua cadeia de suprimentos, a partir de uma perspectiva de inovação e disseminação da importância da mitigação da mudança do clima para a sociedade brasileira”, ressalta.

Monzoni ainda observa que a governança do projeto inclui a criação de um comitê consultivo integrado por representantes do setor automobilístico brasileiro e especialistas de Avaliação de Ciclo de Vida, que terá como missão aconselhar e dar assistência durante o desenvolvimento do trabalho.  

Além de produzir um estudo completo e detalhado, a iniciativa pretende também contribuir para a tomada de decisão das empresas do setor, criando uma cultura de gestão eficiente de emissões de GEE. “Vamos mapear os pontos críticos e as principais oportunidades de redução destes gases ao longo da cadeia de suprimentos. Serão considerados, por exemplo, processos de manufatura, aquisição de materiais e pré-processamento, grupos de sistemas, subsistemas e componentes do veículo, como carroceria, chassi, motor e bateria”, explica Monzoni. 

Indústria automotiva nacional 

O Brasil é o oitavo maior produtor de veículos no mundo e o sexto maior mercado automotivo. O tamanho do setor no país está diretamente relacionado às suas significativas emissões de GEE 43% delas provenientes do transporte rodoviário.  

A mitigação das mudanças do clima é um dos compromissos assumidos no Acordo de Paris pelo Brasil, que espera alcançar a chamada “neutralidade climática” em 2050. Nesse sentido, o projeto ‘Do berço ao portão’ une a necessidade de alterações no sistema produtivo do setor automotivo à demanda por mercados mais competitivos, nos quais o Brasil pode ter vantagem, visto que sua matriz energética é predominantemente renovável. “Queremos mobilizar o setor em torno de esforços para a identificação de limitantes e de potencialidades da indústria nacional, pavimentando o caminho para a fabricação de veículos que contribuam para a redução das emissões de GEE na atmosfera”, conclui o pesquisador.  

SOBRE A LINHA V DO ROTA 2030 

A Linha V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão tem como diretriz a eletrificação do powertrain veicular para a alta eficiência energética, a utilização de biocombustíveis para a geração de energia e a adequação do contexto brasileiro de infraestrutura de abastecimento. 

A partir da aliança entre os principais atores que representam o conhecimento do setor (empresas, entidades representativas e Instituições de Ciência e Tecnologia – ICTs), serão habilitadas as competências necessárias para capacitar a cadeia automotiva. 

A Fundep é a coordenadora da Linha V. A Coordenação técnica é da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE). 


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